sexta-feira, 19 de outubro de 2018

buscando uma explicação

O fato que haja tantas pessoas reverenciando linhas ideológicas conservadoras, aqui e no mundo, me faz pensar que deve haver explicações, razões e motivos para tal. Não creio que sejam derivadas simplesmente de posições ideológicas e econômicas. O grau de adesão é tão grande que me faz pensar que há motivações de outra ordem, da ordem do emocional (medo) e cozinhadas sobretudo em compreensões distorcidas e exaltadas de aspectos que vem se precipitando sobre nossa realidade. Se não vejamos:

A imensa abertura cultural humana pela qual estamos passando com o irromper de tantas variáveis é um desafio planetário a ser encarado. Como lidar com tanto movimento, com tantas possibilidades que se apresentam? A ciência, a sexualidade, a comunicação e tantos outros fatores estão ditando transformações agudas e promovendo movimentos que questionam contornos e limites. São tão fortes que é fácil associar esses movimentos a ideia de caos, de desordem. Isso gera medo

Está sendo produzida, devido a guerras, situações políticas, sociais e econômicas, assim como questões climáticas uma movimentação literal nas fronteiras geográficas. Fluxos migratórios intensos.
 Limites e fronteiras em xeque.

O olhar da própria ciência contemporânea em contraste com a ciência clássica tem rompido cânones seculares introduzindo teorias como a do caos, da complexidade, dos atratores e outras. Há teorias que admitem que as próprias leis da natureza estão em transformação.

Há uma enxurrada de inovações decorrentes de novas tecnologias e meios de comunicação que vem pedindo novas formas de interação humana.  Surgem movimentos como o feminismo, reverência à diversidade, a inclusão, o acolhimento das singularidades, fatores sociais que têm rompido formas estabelecidas de convivência com repercussões sobre relações humanas, sobre profissões e as formas econômicas tradicionais.

Como fazer frente e digerir tudo isso?

As formas hegemônicas de compreender a vida não se sustentam mais, dando lugar a presença da necessidade de dar espaço às singularidades. Não temos currículo para fazer frente a isso
Isso vem produzindo assombros e temores.

Estamos vivendo uma assombração do "tudo pode", o que vem gerando volatilidades, incertezas, complexidades e ambiguidades com cada vez maior presença em nossa cultura.

Há uma sensação de falta de controle Essas novidades deflagram e intensificam conjunturas. Isso produz reações, novos comportamentos e maneiras de tratar com a realidade

Muito fácil que essa angustia promova uma sensação de incapacidade de administrar essas novas situações e defina o que está ocorrendo como caos. Diante do caos se implora por ordem.

Interessante observar alguns dos movimentos que vêm se impondo no mundo e suas respectivas antíteses:
Ao "abrangente",  se contrapõe o "específico"
À "inclusão" se contrapõe a "discriminação".
A "volatilidade" se opõe a aspectos "densos e concretos"
A "incerteza" tem como oposto a "certeza"
A "complexidade" tem como oposto a "simplicidade"
Aos "direitos" se opõem os "deveres"
À "ambiguidade" se contrapõe "definições claras".

Muitas vezes" igualdade" é vista como "indiscriminação". Assim tem seu oposto na "diferenciação e hierarquia"

Some-se a isso elementos de nossa cultura que nesse momento vêm sendo exaltados como a necessidade de "aceitação". "Aceitação" pode escorregar facilmente para ser interpretado como complacência.

Temos finalmente nesse pacote o termo "abertura de fronteiras" que sob angústia é igualado a "falta de fronteiras" ou falta de limites.

Interessante perceber que quando se fala dessas aberturas, abrangências, acesso e possibilidades para todos, se credita esses fatores não como consequências inevitáveis de transformações, descobertas e necessidades, mas a ideologias. É a ideologia de esquerda nesse momento que fornece a embalagem e é responsabilizada pelo mal estar decorrente dessas mudanças e movimentos.

Essa chamada ideologia de esquerda é também associada ao feminino, já que é posto no mesmo pacote o acolhimento, a abertura e a ampliação de limites. Uma postura frequentemente sentida e confundida com complacência, ou seja, com o "tudo pode". Isso é igualado a "falta de discriminação" que é igualado "caos", "desordem".

A violência, elemento que é bandeira de campanhas eleitorais, tem um viés em que não é descrito como efeito de questões econômicas, sociais ou educacionais, mas como resultado de "falta de ordem", ou seja, um "produto do caos". O caos deve ser tratado com o rigor da "ordem", da "hierarquia' e da "mão firme".

Da mesma forma "corrupção" é tratada também como "desvio de conduta", "falta de ordem", ou melhor, um viés de "complacência"

Portanto, diante disso, não é surpresa uma quantidade enorme de gente desejar alguém que venha com "simplicidade" e que pregue "contornos", "ordem", que seja rígido, que delineie como devem ser as coisas. Um pessoa que empunhe caracteres chamados "masculinos". Uma pessoa  que ponha "ordem" no "caos instaurado pela esquerda", pelo "louco feminino".

O fato é que o equilíbrio entre o abrir e o fechar não poderá mais vir de fora, mas terá que vir de forma dinâmica através do "conhecimento de si mesmo", de cada um. Para cada momento uma nova postura. Para cada situação uma ação necessária. Atitudes de PRESENÇA baseadas em contato profundo consigo mesmo. tendo a clareza de perceber a cada momento o que é adequado e o que não é. Poder mudar a trajetória quando necessário. Mudar o foco, rever, admitir não saber a resposta de imediato. Escutar a Vida

Um exercício constante dos aspectos humanos para que possamos não só responder às mudanças e transformações que nos envolvem, mas transitar e participar alegremente de todo complexo movimento que se está estabelecendo a nossa volta e em nós mesmos



3 comentários:

  1. Muito importante e pertinente a sua análise! Gostaria de sugerir voce fazer um video sobre. Uma palestra formato on-line e palestras presenciais. Muito importante levar às pessoas esta informação e visão. Gratidão!

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  2. Venha a este encontro https://www.facebook.com/events/744693495879805/?ti=icl

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    1. O Projeto Redesenhando Valores convida Michel Robin para falar sobre:
      "ATITUDE ARTE um posicionamento de VIDA"

      "O máximo do inesperado é que as coisas permaneçam como estão." Michel


      Há aceleradas transformações e movimentos se derramando sobre a humanidade.
      Como posicionar-se diante deste turbilhão planetário?
      A educação formal se mantém fixada em parâmetros do século passado.
      Não existem mais do lado de fora gurus, líderes e guias que sinalizem o que deve ser feito.
      Temos que crescer como pessoas e encontrar em nosso âmbito interno as sinalizações

      O que pode ser feito?
      Uma das possibilidades é a Arte como atitude.
      Arte é algo a ser introduzido como atitude.
      Arte traz entre outras coisas a vibração criativa, olhares inusitados, posturas flexíveis, reconhecimento de nossa singularidade e também o uso do conhecimento de formas dinâmicas.
      Uma atitude para lidar não só com o que nos envolve, mas participar alegremente de um mundo novo que se inaugura.

      Venha participar deste encontro e descobrir como se encontrar com a arte como atitude de vida!

      O encontro será no Jardim Botânico (endereço completo será informado após inscrição)
      07 de novembro
      19:30 as 21:30

      Para inscrições e informações:
      999742799 (telefone e WhatsApp)

      Inscrição antecipada (até 05/11) - 30 reais
      Inscrições após 05/11- 40 reais

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