segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Solidariedade e Prevenção

Solidariedade e prevenção 
Somos um povo incrivelmente solidário na desgraça e imensamente irresponsável na prevenção destas desgraças. É comum assim que o “incêndio” se apaga, e após calorosamente buscarmos os culpados, depois do empurra-empurra, cansados e desmemoriados, em seguida voltarmos aos mesmos erros que darão origem às futuras tragédias.
A violência cometida, por pessoas ou pela natureza, poderia ser vista de forma didática como uma função que exige que as pessoas mantenham-se acordadas e presentes, impedindo-as de acharem que as coisas estejam garantidas e levando ao questionamento de nossas posturas de avestruz.
Essas violências deveriam estar nos despertando e provocando várias reflexões. Dissolvendo (e haja água) idéias do tipo “só quero viver em paz” ou “me deixem seguir meu caminho” e outras formas bem comportadas de alienação e isolamento.
Que sono profundo é esse sob o qual hipnoticamente vivemos? É um sono a meu ver embalado por imediatismos históricos, corrupção, amnésias convenientes e regados a discursos moralistas vazios.
Certamente o despertar de quem tem dificuldade de acordar só se dá com vigorosas cutucadas e, se o sono for pesado, estas sacudidas precisarão ser mais fortes.
Quão mais fortes?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

As organizações e suas transformações

As organizações e suas transformações

      Em meio às aceleradas transformações que vivemos, o meio humano e consequentemente o organizacional está tendo que reformular diversos paradigmas de funcionamento.

       Temas como globalização, inclusão e diversidade perpassam a sociedade como um todo. Nas instituições e organizações se constata a gradativa introdução de conceitos como: atuação em rede, abordagens sistêmicas, ações sustentáveis, enfoques ecológicos e outros equivalentes.
  
       As estruturas masculinas, hierárquicas, fundadas na racionalidade, técnica, determinação, imposição, força, assertividade, conquista, superação, precisão e outros assemelhados, que utilizam de modo geral caminhos lineares, racionais, objetivos, dedutivos para decisões e ações não conseguem mais responder com destreza às demandas atuais. Outros olhares, formas e enfoques não lineares, complexos (no sentido da teoria da Complexidade enunciada por Morin) passam a serem necessários para um diálogo mais fluente com a realidade.

       Este novo cenário vem sendo construído aos poucos, e representa uma intensa transformação, um deslocamento da sociedade fálica para uma sociedade onde as características classificadas tradicionalmente como femininas, como intuição, sentimentos, sensações, acolhimento, escuta, interação, atenção aos aspectos das relações, paciência e cuidado passam a ser imprescindíveis em combinação com as abordagens tradicionais.

       Passa a ser importante, nas organizações, ter em seus quadros pessoas com características multifuncionais em contraste com a sede por especialistas. Busca-se pessoal com capacidade de realizar funções diversificadas, e muitas vezes de forma simultânea.

      As atuais intervenções e atuações exigem uma contínua atenção, uma rápida admissão do “não saber”, capacidade de lidar com o inesperado, a humildade para perguntar e perguntar-se, e a arte de combinar calma e rapidez para fazer surgir respostas eficazes.

      Estamos, como um todo, em termos pessoais e organizacionais (e parece importante que nos mantenhamos neste estado) buscando e experimentando novas posturas, novos olhares, novas abordagens não experimentadas antes. Estamos diante do Novo. Este Novo se manifesta num constante movimento onde as transformações e o inesperado freqüentemente irrompem desafiando o fatídico desejo de controle.

      Se por um lado este panorama gera profundas angústias e desorientações, por outro, este fato está impondo aberturas e flexibilidades nas estruturas das organizações que propiciam a geração de momentos inéditos e criativos. Ao se romperem as regras, códigos e normas, surgem novas alternativas e possibilidades de resolver questões. Definições e conceituações, ao que parece, podem apenas existir de forma provisória e temporária.