sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

entrando em cena

Entrando em Cena...qualquer cena

Uma vez numa conversa com um amigo meu, ator, perguntei a ele o que acontecia antes do espetáculo, como ele se sentia, se sentia medo, se sentia aperto no peito, se ele tinha algum ritual, enfim se ele fazia alguma coisa antes de entrar em cena.
Ele olhou para mim, suspirou fundo, e me contou:
Sabe, eu antes de entrar em cena, todas vezes, todos os dias faço um “escaneamento” (reunião) de todos os desejos que me passam na mente. Parto do mais mesquinho ao mais transcendente.
Por exemplo:
Quero ganhar dinheiro com esse trabalho.
Quero ganhar prestígio com esse trabalho.
Quero receber as críticas e as avaliações mais positivas do mundo.
Quero impressionar as pessoas, pelas minhas habilidades, pela minha capacidade.
Quero que determinada pessoa da platéia me ache o máximo.
Quero realizar um trabalho que me permita ser contratado para um outro evento de prestígio.
Quero que o jornal publique que este espetáculo mudou o cenário do show business.
Quero me divertir de montão.
Quero melhorar minha técnica e meus conhecimentos.
Quero que meus filhos a partir disto possam ter uma perspectiva melhor das coisas e da vida.
Quero me relacionar bem com os colegas que estão comigo neste evento.
Quero que este trabalho ajude todos nós, eu e meus colegas a melhorar de vida.
Quero que este trabalho melhore as condições das pessoas a minha volta.
Quero que este trabalho permita que muita gente melhore de vida
Quero que meu grupo possa brilhar no cenário geral
Quero que este trabalho possa modificar de maneira positiva a sociedade
Quero que este trabalho possa melhorar o entendimento e proporcionar uma maior consciência às pessoas.
Quero que o meu país possa ganhar/ desenvolver-se mais a partir deste trabalho.
Quero que esse trabalho contribua para que as pessoas no mundo vivam melhor.
Quero que este trabalho possa melhorar a vida deste planeta.

Você faz isso sempre? perguntei
Ele respondeu: Sempre. Cada vez, cada dia me sai um pouco diferente. Acrescento alguma coisa, repito outras, descubro outro desejo que eu não tinha percebido antes.
Mas para que você faz isso? Perguntei
Ele respondeu: Muito simples, para que todo eu possa entrar em cena. Para que nenhuma parte de mim fique de fora. Para que eu possa me sentir inteiro. Eu tenho partes pequenas, mesquinhas e também partes maiores, generosas. Eu e qualquer um. Às vezes umas partes ficam mais evidentes, mais à vista, mais explícitas, mais claras que outras, mas se eu aprofundar o olhar eu percebo que elas estão todas aí. Aquelas que podem ser chamadas de feias, e as outras que as pessoas chamam de sublimes. Creio que ser humano é conviver com tudo isso. Todas as partes estão presentes em mim. Só por que eu não olho para elas não significa que elas não existam.
Isso tem mudado minha vida.

domingo, 6 de novembro de 2011

Só o impossível acontece, o possível é mera repetição. “Chacal”

Só o impossível acontece, o possível é mera repetição. “Chacal”

Fazer o que já se sabe fazer é fácil e não requer esforços, não acrescenta. È mera repetição. Se examinarmos atentamente, no fundo não produz uma satisfação profunda a quem se expõe. Rapidamente se esvai o contentamento com o eco dos aplausos. Já o sabor de quem realiza algo novo para si mesmo, algo que nunca fez, permanece por longo tempo. Esta nova ação é crescer, tornar-se maior.

É importante nos defrontarmos com momentos de “não saber”, de não termos as respostas imediatamente, de nos “sentirmos bobos”. São valiosos os momentos onde aparentemente nos apresentamos com manifestações que avaliamos como ridículas.
A sensação de mal estar é simplesmente resultado de uma má interpretação daquilo que nos sucede. É uma reação a idéia de que vão nos olhar com desprezo, vão nos diminuir, desvalorizar, depreciar. Uma idéia cultivada socialmente.

Pensando bem, ninguém ridiculariza uma criança que está começando a andar, e que desajeitadamente tenta caminhar, e cai. Todos, em geral, em torno da criança, a olham com afeto e incentivo. E aplaudem seu esforço de acertar. O mesmo não ocorre entre adultos que muito comumente se esforçam por não se porem à prova, muito mais pelo temor ao ridículo e demonstração de torpeza do que pelas dificuldades em si para a realização de algo.

O que de fato acontece a nível fisiológico, numa situação nova para a pessoa, são oportunidades de inauguração de novas sinapses (conexões neuroniais). Isto confere maior numero de alternativas, e de respostas às circunstancias e eventos. Em outras palavras: uma possibilidade de ficar mais inteligente.

Fomos treinados para o desempenho. Tratamos ao máximo de evitar as surpresas, não tanto para uma eficiência, mas para não “darmos vexame”.

O novo é sempre desejado, porém temido. O novo dá medo, pois nos expõe, e com isso corremos o risco de demonstrar inabilidade, surpresa, desajeitamento e possibilidades de sermos julgados. O novo exige estar desperto, exige mudanças, inclusão de outros olhares, outras posturas, um rearranjo interno, enfim transformações. No entanto, “Queremos que as coisas mudem desde que permaneçam no mesmo lugar”.

Quando propomos a uma criança: Vamos fazer uma brincadeira? Elas em geral respondem Vamos, vamos! Já a adultos quando se propõe uma brincadeira, ou uma dinâmica nova não vêem isso como uma experiência ou oportunidade, vêem como uma situação de perigo. Uma situação de exposição onde se sentem na obrigação de apresentar um desempenho, de cumprir uma tarefa. Advém o medo do julgamento, da avaliação. Uma criança não é tão orgulhosa. Ela sabe que não sabe, e aceita esta condição, enquanto um adulto muitas vezes teme expor seu desconhecimento.

Enfim perdemos de vista que o que permite um crescimento real não é necessariamente acertar, cumprir as tarefas, mas um sincero tentar, um franco buscar fazer o melhor possível. É exatamente esta dedicação e esforço que permitem nosso crescimento.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A Necessidade de Expressão e o Fascínio pelo Criminoso.

Temos todos nós um “jeito”, ou seja, um repertório de movimentos, gestos, posturas, respirações, olhares, ritmos, tons de voz e palavras que revelam de forma tangível como administramos a nós mesmos. Circunscrevemo-nos a este repertório e, aí de dentro desta arena, tratamos de resolver todas as questões que se nos apresentam.
Exaltamos certos comportamentos e evitamos alguns outros, em outras palavras, seguimos algum tipo de modelo que julgamos adequado, e tratamos de preencher esta imagem/modelo. Sentimo-nos atacados no caso de alguém apontar em nós algo que fuja deste modelo, e enaltecidos e agradecidos quando alguém nos aponta uma característica que preenche o modelo adotado.
Construímos um ser artificial e perambulamos mundo afora, fantasiados com ele – acabando por acreditar que somos este personagem. Esquecemos que para mantermos algo artificial consumimos uma enorme quantidade de energia. Fazemos imenso esforço para evitar parecer, por exemplo: egoísta, falso, orgulhoso e por aí vai. Outros, por sua vez, procuram desesperadamente mostrar constantemente, por exemplo, coragem, inteligência, calma, força, ou qualquer outra postura. Morrem de medo de parecer algo que consideram negativo. Há um grande consumo de energia para parecer alguma coisa, e/ou não parecer outra. Vivemos, uns mais que outros, preocupados com a impressão que damos aos demais. Esta atitude devora nossa energia, e nos distancia de nós mesmos. Acabamos por nos perder de vista, e não sabermos o que de fato sentimos e pensamos, tão acostumados estamos em buscar o “comportamento correto” ou o preenchimento do modelo eleito.
Recuperar as possibilidades expressivas, ou seja, poder manifestar um maior leque de expressões, permitindo viver emoções e sentimentos “proibidos” (pelo modelo eleito) devolve ao circuito humano a energia hipotecada na contenção e regulagem daquilo que pode ou não vir à tona (narcisismo). Dá espaço para um enorme descanso. A falta de energia que muitos de nós sentimos deriva do represamento de expressões eleitas como proibidas.
A imposição de conceitos de bem e de mal, certo e errado, determinados pelo modelo, levam a limitações na compreensão e aceitação de si e dos outros. Se o espaço de expressão de um indivíduo for limitado haverá consequentemente, menos espaço para compreensão da vida e da inclusão de mais formas de viver.
Não é a toa que esta falta de espaço de expressão aumenta o fascínio pelo criminoso ou transgressor. A fascinação pelo criminoso é a fascinação pelo rompimento dos códigos, dos limites, das convenções. Isto comumente deriva da sensação de estar vivendo um espaço restrito de possibilidades e do desejo de abrir mais espaço para si.
A condenação ao transgressor origina-se muitas vezes da censura àquele que ousou romper ditames sociais, convenções, algo que, secretamente desejamos também romper. Não tendo coragem para fazê-lo condenamos aqueles que o fazem para que possamos aplacar estes sentimentos “inadequados” e manter-nos nas nossas mesmas atitudes de sempre.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Um pouco mais de meus filhos

Um video muito simpático. "Killing Cupids"
saboreiem...
a composição é de meu filho Gabriel, que canta também junto com minha filha (a moreninha)

http://youtu.be/PPS0lGsPxAE

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Desejos cumpridos.


Diante dos noticiários, seremos nós simples espectadores? Observamos atônitos os fatos? Só isso? Não empurramos nenhum dedo? Não incitamos nada? Não mandamos "via aérea" nenhum desejo? Serão nossos "desejos silenciosos" inócuos? Porque ao não termos a facilidade para demonstrar nossa agressividade, luxuria, ressentimento, avidez,    loucuras necessitamos de personagens que o façam. Os noticiários não são simplesmente um frio relato de fatos sucedidos, são na realidade uma cristalização de muitos de nossos desejos, sonhos e fantasias. Necessitamos de heróis, de guerras, de sangue, de paixões turbulentas, de mortes, de escândalos e de falcatruas. Todos os dias nossos desejos são atendidos. Senão vejam, é só ligar a TV.  Um abraço.

domingo, 14 de agosto de 2011

SER PAI

Ser Pai

Refletindo sobre esta questão – ser pai. Tenho visto algumas campanhas estimulando os pais a participar, com mil lembranças de: “faça isso”, “faça aquilo”, “esteja presente”, “é muito importante para eles”, “participe”, etc e tal. Discordo. Aliás, aceito o adjetivo de que nós homens somos egoístas. Às vezes tentam me convencer de que ajudar com os afazeres domésticos, trocar fraldas, esquentar mamadeiras são qualidades de um “bom pai”. Eu penso que ser pai não é nada disso. Troquei muitas fraldas sim, contei estórias para meus filhos dormirem e levei eles para brincar na pracinha. Mas devo confessar que não o fiz porque achava isto uma coisa de "bom pai", ou “bom marido ajudando nas tarefas domésticas”. Fiz isso para poder estar do lado deles e usufruir do que realmente me fascinava que eram seus comportamentos espontâneos que me remetiam as lembranças de mim mesmo. Coisa bem egoísta não é ? Ah sim! Acabavam sempre por me mostrar (e demonstrar), infinitas vezes, como eu me havia desviado daqueles propósitos luminosos que já tinham sido parte de mim. Quando estes cresceram e se tornaram adolescentes, e se envolveram com suas paixões, pude resgatar e revigorar minhas próprias paixões e tesão pela vida, refletir sobre ideais abandonados e por algumas buscas interrompidas.....Para isso, confesso, foi bom ter estado a seu lado e trocar fraldas, fazer deveres de casa, levantar no meio madrugada para ir  na farmácia, buscá-los numa festa distante e outras “coisinhas”. Penso, egoisticamente, que a verdadeira função de ser pai é esta... resgatar-se. No dia dos pais, pois então, sou eu que agradeço a eles, aos meus filhos, pelas tantas oportunidades que têm me dado de encontrar-me comigo mesmo e extasiar-me com a beleza da Vida que segue se expressando através deles. 

domingo, 19 de junho de 2011

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Uma carta para todos

A carta abaixo foi escrita por um imigrante vietnamita que é policial no
Japão (Fukushima). Foi enviada a um jornal em Shangai que a traduziu e
publicou. Recebi essa tradução, com a nota de ter sido traduzida o mais
fielmente possível ao texto original.

Querido
irmão,

Como estão você e sua família? Estes últimos dias têm sido um verdadeiro
caos. Quando fecho meus olhos, vejo cadáveres e quando os abro, também vejo
cadáveres.

Cada um de nós está trabalhando umas 20 horas por dia e mesmo assim,
gostaria que houvesse 48 horas no dia para poder continuar ajudar e resgatar
as
pessoas.

Estamos sem água e eletricidade e as porções de comida estão quase a zero.
Mal conseguimos mudar os refugiados e logo há ordens para mudá-los para
outros lugares.

Atualmente estou em Fukushima – a uns 25 quilômetros da usina nuclear. Tenho
tanto a contar que se fosse contar tudo, essa carta se tornaria um
verdadeiro romance sobre relações humanas e comportamentos durante tempos de
crise.

As pessoas aqui permanecem calmas – seu senso de dignidade e seu
comportamento são muito bons – assim, as coisas não são tão ruins como
poderiam. Entretanto, mais uma semana,e não posso garantir que as coisas
não cheguem a um ponto onde não poderemos dar proteção e manter a ordem de
forma
apropriada.

Afinal de contas, eles são humanos e quando a fome e a sede se sobrepõem à
dignidade, eles farão o que tiver que ser feito para conseguir comida e
água. O governo está tentando fornecer suprimentos pelo ar enviando comida e
medicamentos, mas é como jogar um pouco de sal no
oceano.

Irmão querido, houve um incidente realmente tocante que envolveu um
garotinho japonês que ensinou a um adulto como eu uma lição de como se
comportar como verdadeiro ser humano.

Ontem à noite fui enviado para uma escola infantil para ajudar uma
organização de caridade a distribuir comida aos refugiados. Era uma fila
muito longa . Vi um garotinho de uns 9 anos. Ele estava usando uma camiseta
e um par de shorts.

Estava ficando muito frio e o garoto estava no final da fila. Fiquei
preocupado se, ao chegar sua vez, poderia não haver mais comida. Fui falar
com ele. Ele disse que estava na escola quando o terremoto ocorreu. Seu pai
trabalhava perto e estava se dirigindo para a escola. O garoto estava no
terraço do terceiro andar quando viu a tsunami levar o carro do seu
pai.

Perguntei sobre sua mãe. Ele disse que sua casa era bem perto da praia e que
sua mãe e sua irmãzinha provavelmente não sobreviveram. Ele virou a cabeça
para limpar uma lágrima quando perguntei sobre sua família.

O garoto estava tremendo. Tirei minha jaqueta de policial e coloquei sobre
ele. Foi ai que a minha bolsa de comida caiu. Peguei-a e dei-a a ele.
“Quando chegar a sua vez, a comida pode ter acabado. Assim, aqui está a
minha porção. Eu já comi. Por que você não come”?

Ele pegou a minha comida e fez uma reverência. Pensei que ele iria comer
imediatamente, mas ele não o fez. Pegou a bolsa de comida, foi até o início
da fila e colocou-a onde todas as outras comidas estavam esperando para
serem distribuídas.

Fiquei chocado. Perguntei-lhe por que ele não havia comido ao invés de
colocar a comida na pilha de comida para distribuição. Ele respondeu:
“Porque vejo pessoas com mais fome que eu. Se eu colocar a comida lá, eles
irão distribuir a comida mais igualmente”.

Quando ouvi aquilo, me virei para que as pessoas não me vissem chorar.

Uma sociedade que pode produzir uma pessoa de 9 anos que compreende o
conceito de sacrifício para o bem maior deve ser uma grande sociedade, um
grande povo.

Envie minhas saudações a sua família. Tenho que ir, meu plantão já
começou.

Ha Minh Thanh

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Verbos

Não importa exatamente a sua profissão. os seus títulos, o que importa no final, são os verbos que você conjuga.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Uma Grande Páscoa

A grande páscoa ou, uma iniciação coletiva

Em tempos passados aqueles que desejavam ir além do conhecimento vigente. Aqueles que pressentiam que havia algo além da realidade descrita pelo senso comum da época. Aqueles que desejavam algo mais, hoje descrito como um “crescimento interior”, “expansão de consciência” ou acesso a suas almas, buscavam algum lugar, alguma escola ou grupo com o qual pudessem explorar regiões diferentes do conhecimento humano. Isto era desenvolvido de forma circunscrita a grupos secretos, a grupos esotéricos.

Esta necessidade de reserva, de cuidado era necessária, já que envolvia acesso a olhares, e atitudes e abordagens da realidade fora do âmbito da cultura vigente. Tudo isso sujeito a facilmente gerar distorções que poderiam e puderam dar lugar a incompreensões e, sobretudo medos, podendo levar a acusações de feitiçaria, bruxaria e outros nomes.
Nestes grupos, os neófitos, após algumas instruções preliminares, eram submetidos a rituais de iniciação que envolviam provas de desapego e des-identificação com o objetivo não só de assegurar que estes conhecimentos fossem mantidos em sigilo, mas acima de tudo para testar a estrutura psíquica dos candidatos.

Eu mesmo vivi uma época, anos setenta, em que falar de “energia” já era uma ousadia. Este termo feria muitos intelectos e causava estranheza. Falar de centros energéticos era blasfêmia pura, ocasionava cenhos franzidos e, com muita condescendência era considerado “exótico”. (Convenhamos que mesmo hoje em dia uma grande parte da população ainda olha com desconfiança pessoas que dizem ir ao psicólogo!).

Por outro lado há uma vulgarização imensa de termos psicológicos que constam de livros, revistas assim como de novelas de TV. Abundam em todos os meios de comunicação termos como: energias, vibrações, espírito, alma, anjos, etc. Tudo isso é reunido criativamente num sincretismo desvairado que junta religiões, culturas orientais, medievais, ancestrais, indígenas e extraterrestres. Cada pessoa se mune de suas figuras de referência e constrói seu panteão, seu altar, temperado por cristais, velas, incensos, fotos, e rituais.

Intelectualmente os tempos de grupos esotéricos ou secretos não são tão mais necessários, o conhecimento com respeito a aspectos que outrora eram do âmbito de poucos se alastra. Uma ampla literatura aborda o mundo sob diversas óticas onde se tece com desenvoltura ciência, religião, misticismo e o termo “espiritualidade”. Tudo isso acessível em quaisquer livrarias, bibliotecas, ou pela internet
.
Em termos vivenciais, por outro lado, é interessante observar que aquelas iniciações reservadas a poucos candidatos que voluntariamente se apresentavam, neste momento planetário se tornaram públicas, gerais e coletivas. Se não vejamos: Estão aí os terremotos, tsunamis, enchentes, desabamentos e outras ações climáticas. Em termos sociais as possibilidades de, por exemplo: uma demissão, uma separação conjugal, uma ameaça à saúde, uma perda financeira, uma revolução, um acidente, crescem exponencialmente, submetendo-nos cotidianamente a provas de desapego e des-identificação.

Em suma estamos todos sendo iniciados. Podemos presumir que nossa humanidade está passando por um estágio de crescimento compulsório.

São provas agudas. Não são “castigos” como uns se apressam em diagnosticar. Correspondem a uma necessidade coletiva de crescimento. Verdade que doem. O sofrimento que vemos a nosso redor é prova disso. Mas a dor é maior quando nos revoltamos, recusamos e rechaçamos este crescimento. É tempo de começarmos a desapegar-nos de coisas e idéias, soltar nossas identificações, com coisas, com pessoas, com sentimentos e idéias.

Será mais fácil ainda se nos ajudarmos mutuamente neste processo. Além disso, já é tempo de nos reconhecermos como humanidade e não apenas como um bando de indivíduos habitando e disputando lugar numa nave interplanetária que percorre o espaço á milhares de quilômetros por hora.
Um abraço
Michel
  

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A fantasia da compreensão


Explicação e compreensão das coisas é uma de nossas fantasias. Se organizarmos explicações e encadearmos idéias que façam sentido em nossa base de parametros aceitos, nos acalmamos. "Foi por causa disso", "Foi por causa daquilo..." até que se gere um "AH! Agora sei porque..."

De qualquer modo vivemos em estados pós-hipnoticos. Se alguém nos disser algo que associamos com algo bom, ficamos felizes. Se alguém nos disser algo que associamos com algo ruim ficamos tristes. Caminhamos pelo mundo dessa maneira.
Penso também no gesto de uma mãe que arranca enérgicamente a faca da mão do bebê que então por isso se lança num choro de soluçar...Tragédia! Não percebe que esta faca poderia feri-lo e a outros. Só entende que lhe foi arrancada uma coisa linda que brilhava em sua mão.
Nós, em geral, como bebês não temos a capacidade de perceber a vida em suas dimensões mais amplas. Julgamos a partir do que nossa mente decodifica, ou melhor, inventa e se agarra para aguentar e nos acalmar enquanto habitamos esta dimensão.

Abraços

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A Arte da Presença

Curso: Arte da Presença
(ou Recursos de Movimento e Expressão para pessoas que trabalham com pessoas) 
Estamos vivendo tempos de aceleradas transformações.
Desenvolver apenas habilidades, conhecimentos ou informações não é suficiente. Estamos em tempos de Arte. Arte incorpora uma capacidade de estar presente. Arte tem o predicado de poder conviver com o vazio, com o novo, com o “não saber”, com o inesperado.
Ter a clareza e perceber a cada momento o que é adequado e o que não é, poder mudar de trajetória quando necessário, mudar o foco, rever, admitir não saber a resposta de imediato, escutar a vida, são alguns dos desafios atuais.
A Arte da Presença é uma atividade que propõe movimento, música, interações, meditações, jogos e reflexões que levam a que física, emocionalmente e mentalmente possamos não só ampliar nossas respostas às mudanças e transformações que nos envolvem, mas transitar e participar alegremente de todo esse complexo movimento que se está estabelecendo no mundo.  VAMOS? 
 
Quintas feiras, 19:30/20:45   -  custo R$ 120p/mês          
Cosme Velho, rua Marechal Pires Ferreira, 66 (rua em frente ao Colégio S Vicente) 
+ informações - 21  8189 9981 - Michel

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Exercitando a presença ou controlando nosso colesterol

Um exercício que trato de praticar é não ficar repetindo para os outros as histórias que me aconteceram, para que eu possa estar aqui, presente, o mais vazio possível. Para que eu não fique fechado e “gordo” de minhas histórias, para que esta "gordura" (a paixão pelas minhas histórias) não me "suba aos ouvidos" e me impeça de escutar os outros, me impregne as articulações e não me deixe mover livremente. O desejo que cultivo é o de estar presente, de estar aqui, agora, “magro” de histórias. Há histórias que abrem oportunidades para viver outras histórias e histórias que fecham as possibilidades de viver novas.
Admiração, amor e alegria presentes permitem aventurar-se em direção ao novo. Ressentimento, desesperança, inveja, sentimentos vingativos, raivas acumuladas e desprezos vão fechando caminhos e dificultando experimentar novas possibilidades.
Penso na analogia com o “colesterol” que impregna sobretudo os adultos que acumularam "experiências de vida". Há o colesterol bom e o ruim, da mesma forma que há histórias que "lubrificam" os caminhos, ampliam possibilidades, enquanto outras atravancam o caminhar, o fluxo da vida.
Portanto, fica aqui a pergunta como andam seus "colesteróis"?
Abraços 

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Solidariedade e Prevenção

Solidariedade e prevenção 
Somos um povo incrivelmente solidário na desgraça e imensamente irresponsável na prevenção destas desgraças. É comum assim que o “incêndio” se apaga, e após calorosamente buscarmos os culpados, depois do empurra-empurra, cansados e desmemoriados, em seguida voltarmos aos mesmos erros que darão origem às futuras tragédias.
A violência cometida, por pessoas ou pela natureza, poderia ser vista de forma didática como uma função que exige que as pessoas mantenham-se acordadas e presentes, impedindo-as de acharem que as coisas estejam garantidas e levando ao questionamento de nossas posturas de avestruz.
Essas violências deveriam estar nos despertando e provocando várias reflexões. Dissolvendo (e haja água) idéias do tipo “só quero viver em paz” ou “me deixem seguir meu caminho” e outras formas bem comportadas de alienação e isolamento.
Que sono profundo é esse sob o qual hipnoticamente vivemos? É um sono a meu ver embalado por imediatismos históricos, corrupção, amnésias convenientes e regados a discursos moralistas vazios.
Certamente o despertar de quem tem dificuldade de acordar só se dá com vigorosas cutucadas e, se o sono for pesado, estas sacudidas precisarão ser mais fortes.
Quão mais fortes?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

As organizações e suas transformações

As organizações e suas transformações

      Em meio às aceleradas transformações que vivemos, o meio humano e consequentemente o organizacional está tendo que reformular diversos paradigmas de funcionamento.

       Temas como globalização, inclusão e diversidade perpassam a sociedade como um todo. Nas instituições e organizações se constata a gradativa introdução de conceitos como: atuação em rede, abordagens sistêmicas, ações sustentáveis, enfoques ecológicos e outros equivalentes.
  
       As estruturas masculinas, hierárquicas, fundadas na racionalidade, técnica, determinação, imposição, força, assertividade, conquista, superação, precisão e outros assemelhados, que utilizam de modo geral caminhos lineares, racionais, objetivos, dedutivos para decisões e ações não conseguem mais responder com destreza às demandas atuais. Outros olhares, formas e enfoques não lineares, complexos (no sentido da teoria da Complexidade enunciada por Morin) passam a serem necessários para um diálogo mais fluente com a realidade.

       Este novo cenário vem sendo construído aos poucos, e representa uma intensa transformação, um deslocamento da sociedade fálica para uma sociedade onde as características classificadas tradicionalmente como femininas, como intuição, sentimentos, sensações, acolhimento, escuta, interação, atenção aos aspectos das relações, paciência e cuidado passam a ser imprescindíveis em combinação com as abordagens tradicionais.

       Passa a ser importante, nas organizações, ter em seus quadros pessoas com características multifuncionais em contraste com a sede por especialistas. Busca-se pessoal com capacidade de realizar funções diversificadas, e muitas vezes de forma simultânea.

      As atuais intervenções e atuações exigem uma contínua atenção, uma rápida admissão do “não saber”, capacidade de lidar com o inesperado, a humildade para perguntar e perguntar-se, e a arte de combinar calma e rapidez para fazer surgir respostas eficazes.

      Estamos, como um todo, em termos pessoais e organizacionais (e parece importante que nos mantenhamos neste estado) buscando e experimentando novas posturas, novos olhares, novas abordagens não experimentadas antes. Estamos diante do Novo. Este Novo se manifesta num constante movimento onde as transformações e o inesperado freqüentemente irrompem desafiando o fatídico desejo de controle.

      Se por um lado este panorama gera profundas angústias e desorientações, por outro, este fato está impondo aberturas e flexibilidades nas estruturas das organizações que propiciam a geração de momentos inéditos e criativos. Ao se romperem as regras, códigos e normas, surgem novas alternativas e possibilidades de resolver questões. Definições e conceituações, ao que parece, podem apenas existir de forma provisória e temporária.