sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

entrando em cena

Entrando em Cena...qualquer cena

Uma vez numa conversa com um amigo meu, ator, perguntei a ele o que acontecia antes do espetáculo, como ele se sentia, se sentia medo, se sentia aperto no peito, se ele tinha algum ritual, enfim se ele fazia alguma coisa antes de entrar em cena.
Ele olhou para mim, suspirou fundo, e me contou:
Sabe, eu antes de entrar em cena, todas vezes, todos os dias faço um “escaneamento” (reunião) de todos os desejos que me passam na mente. Parto do mais mesquinho ao mais transcendente.
Por exemplo:
Quero ganhar dinheiro com esse trabalho.
Quero ganhar prestígio com esse trabalho.
Quero receber as críticas e as avaliações mais positivas do mundo.
Quero impressionar as pessoas, pelas minhas habilidades, pela minha capacidade.
Quero que determinada pessoa da platéia me ache o máximo.
Quero realizar um trabalho que me permita ser contratado para um outro evento de prestígio.
Quero que o jornal publique que este espetáculo mudou o cenário do show business.
Quero me divertir de montão.
Quero melhorar minha técnica e meus conhecimentos.
Quero que meus filhos a partir disto possam ter uma perspectiva melhor das coisas e da vida.
Quero me relacionar bem com os colegas que estão comigo neste evento.
Quero que este trabalho ajude todos nós, eu e meus colegas a melhorar de vida.
Quero que este trabalho melhore as condições das pessoas a minha volta.
Quero que este trabalho permita que muita gente melhore de vida
Quero que meu grupo possa brilhar no cenário geral
Quero que este trabalho possa modificar de maneira positiva a sociedade
Quero que este trabalho possa melhorar o entendimento e proporcionar uma maior consciência às pessoas.
Quero que o meu país possa ganhar/ desenvolver-se mais a partir deste trabalho.
Quero que esse trabalho contribua para que as pessoas no mundo vivam melhor.
Quero que este trabalho possa melhorar a vida deste planeta.

Você faz isso sempre? perguntei
Ele respondeu: Sempre. Cada vez, cada dia me sai um pouco diferente. Acrescento alguma coisa, repito outras, descubro outro desejo que eu não tinha percebido antes.
Mas para que você faz isso? Perguntei
Ele respondeu: Muito simples, para que todo eu possa entrar em cena. Para que nenhuma parte de mim fique de fora. Para que eu possa me sentir inteiro. Eu tenho partes pequenas, mesquinhas e também partes maiores, generosas. Eu e qualquer um. Às vezes umas partes ficam mais evidentes, mais à vista, mais explícitas, mais claras que outras, mas se eu aprofundar o olhar eu percebo que elas estão todas aí. Aquelas que podem ser chamadas de feias, e as outras que as pessoas chamam de sublimes. Creio que ser humano é conviver com tudo isso. Todas as partes estão presentes em mim. Só por que eu não olho para elas não significa que elas não existam.
Isso tem mudado minha vida.