domingo, 14 de outubro de 2018

Eleições 2018



Não estamos votando em candidatos, não estamos votando em partidos, não estamos votando em ideologias. Estamos fazendo um movimento e um esforço para preencher de forma angustiada um desafio existencial.

Há uma imensa diversidade e inesperados se precipitando sobre o mundo. O mundo se torna mais complexo. As regras, contornos, explicações e orientações que organizavam as posturas que norteavam as pessoas não cabem mais, tipo: " faça isso que você chega lá".

"Chegamos tarde demais para os deuses e cedo demais para o Ser"- Heiddeger

Ou seja, regras genéricas, válidas para tudo e todos ditadas por líderes e gurus não servem mais, e por outro lado ainda não vigora o conhecimento de si e o acolhimento dinâmico das individualidades com suas respectivas singularidades.

É o conhecimento de si que permite lidar com as atuais dinâmicas do mundo. O que serve para uma pessoa não serve para outra. O que me servia ontem pode não me servir hoje. Esse contato consigo mesmo e´o que permite perceber a cada momento o que é adequado e o que não é mais. Estar apto a mudar a trajetória quando necessário. Mudar o foco e rever posturas rapidamente. Estar em sintonia com a Vida.
 
Essa é uma postura necessária, compulsória mas que ainda não é incentivada pela educação formal.

As imagens do mundo nesse momento são trazidas para cada um não mais através de fontes hegemônicas de noticiários. Chegam através da multiplicidade das redes sociais. Desse modo, passa a haver uma compreensão dos eventos de formas não unificadas e sim interpretadas segundo a seleção das fontes. Cada um acessa a realidade a sua maneira
Ao serem expressos esses olhares e perspectivas diversos, sem o contato mais profundo consigo mesmo se manifestam grandes desconfortos.e desconfianças.
 
É um mundo novo que está sendo proposto. Não temos currículo de viver por novos parâmetros integrando as singularidades e diversidades, e produzindo a partir disso uma nova maneira de estar juntos. Há todo um incômodo e busca de encaixe, e o desejo legítimo de união se distorce. Parece mais fácil se agregar em torno de ideias extremistas e de antagonismos acirrados para que se crie uma sensação de união e pertencimento.`Os bordões e bandeiras de oposições estão aí: anti-corrupção, anti-comunismo, anti-fascismo, anti-gay, anti-feminismo, e quantos mais "anti" houverem. 

Podemos chamar isso de uma crise de pertencimento e propósito.

Importante reparar que essa crise é corroborada e apoiada por vieses religiosos (religare) onde é frequente a exaltação do combate a determinadas atitudes, posturas e culturas atribuídas a alguns grupos, e apontadas/impostas maneiras corretas de ser, o que dá corpo a necessidade de propósitos. Isso é permeado pelo incentivo em tratar correligionários com o nome "irmão", o que visa preencher a sede de pertencimento.. Daí a procura e apoio religioso de algumas bandeiras a candidatos.
.
Por mais estranho que possa parecer estamos vivendo um desejo de união, Um desejo que ainda não encontrou uma maneira de se manifestar de forma clara e com sabor de esperança .

Nenhum comentário:

Postar um comentário