terça-feira, 20 de novembro de 2012

Con vocação dos Jovens

                                                   


   Diante deste conflito Israel/Palestina, que de tempos em tempos se acirra e ocupa as manchetes, percebo que as inúmeras explicações, análises e mesmo os conhecimentos históricos detalhados não parecem ser capazes de levar a soluções. Muito ao contrário as explanações, os relatos das tentativas, as frustrações explicadas e justificadas acabam criando um “arquivo de informações” tão pesado  que se cria um bloqueio à capacidade de ver e/ou criar saídas.

A desconfiança tem muitos anos e é temperada por interesses econômicos, políticos, militares, religiosos e históricos. Uma mistura desses ingredientes fermentou e tornou-se fétida.

A mídia trem grande importância nas construções das atmosferas de pensamento, e portanto das reações e comportamentos. Se ela não exacerbasse as sensações de ameaças e perigos não estaríamos nos armando “justificadamente” com foguetes, canhões, armas nucleares e sei lá que mais.

Por outro lado, nossos disfarçados e ocultos conflitos internos, nossos desejos diários, nos fazem tomar posições diante desta guerra e demais conflitos a que somos expostos. Essas posturas e irradiações emocionais angustiadas e agressivas que produzimos, multiplicadas por milhões constroem “nuvens de ódio e medo”. Essas nuvens encontram sempre lugares propícios onde “precipitar e chover”. Em outras palavras somos co-responsáveis pelo que sucede. Cada gesto, sentimento e pensamento nosso aqui é avalista dos gatilhos acionados.

É tempo de nos dar conta disso e, portanto, realizar outros tantos gestos nossos que possam germinar e produzir paz, aqui e... lá.
É tempo de esvaziar-nos de nossas reatividades e entre outras cosas reconhecer a beleza, vigor e inteligência de cada uma das partes envolvidas.

Alguns trabalho que tenho feito junto à comunidades e favelas me fizeram perceber o quanto é necessário a presença de jovens nas buscas de soluções. Os assim veteranos envolvidos a longo tempo nos processos, mesmo que sem rabos presos em termos políticos e ou econômicos, perdem o frescor e sofrem freqüentemente do mal do: “eu já sei que isso não vai dar certo”, “isso já foi tentado antes”, e outras frases equivalentes. Já os jovens, sem tantos traumas, sem estarem envolvidos em tantas histórias, têm o coração e mentes ainda conectados com a luminosidade das verdadeiras intenções e com a capacidade ainda intactas de criar alternativas invisíveis aos olhos poluídos pelos fatos históricos e pelas ideologias desgastadas.


È necessária, pois uma convocação a todos os jovens, tanto palestinos quanto israelenses, e porque não de várias partes do mundo para uma busca, de coração aberto para o encontro de saídas para este conflito que se estende por décadas.

sábado, 17 de novembro de 2012

Centros de gravidade de consciência


Centros de gravidade de consciência

Onde está a minha consciência? Onde está, neste momento de meu percurso, o centro de gravidade de minha consciência? Se estiver muito focado na densidade material de que também sou constituído, o ego, que é um elemento guardião dessa dimensão, assumirá o comando. Se, e quando minha consciência está focada em dimensões para além da dimensão material torna-se outro o centro de gravidade. A depender do lugar onde se centra minha consciência percebo o mundo e ajo sobre ele.
Em outras palavras não se trata de atacar o ego, já que ele é responsável por coordenar uma dimensão humana. Trata-se de desenvolver possibilidades de deslocar-se para outros “centros de gravidade” de consciência referentes a outras dimensões igualmente humanas.
Meu centro de gravidade de consciência ainda escorrega muito à minha revelia.
É para mim uma difícil tarefa já que me percebo contaminado também pelo centro de gravidade das pessoas que me cercam. Muitas vezes no intuito de “estar junto”, de buscar o amor de forma ainda ansiosa, me deixo contaminar pelo centro de gravidade da maioria que me cerca, e entendo que o ego é o mais treinado ao longo da história humana para centralizar a consciência.
Compartilho a idéia de que evoluir é treinar a capacidade de deslocar o centro de gravidade de consciência de forma voluntária e ágil. De forma dançarina! Manter a atenção sobre as melodias internas e externas e saber combiná-las. Dançá-las

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Desejos


Desejos

Está tudo bem com os desejos. Muitos já dissertaram sobre de onde vêm para onde vão, como se solucionam, como se cumprem, como se esgotam, como se satisfazem.
As abordagens psicanalíticas têm inúmeros compêndios que se debruçam sobre os aspectos insaciáveis do desejo, sobre as chamadas compulsões.

Percebo que em determinados momentos certos desejos me causam o que chamo de empedramento, endurecimento mental, emocional e físico. Percebo a interação entre estas instâncias.
De qualquer forma quando sou tomado por um desejo que de forma recorrente não permite que eu respire com fluência, que me contrai a musculatura, que me endurece a alma, que não me permite dialogar com mais nada, com mais ninguém, que não me permite ver o que circula ao meu redor, que me fecha sobre mim mesmo. Éum desejo que me reduz a ele mesmo. Que me apequena, que me faz escravo. É, tenho que me render ás evidências: este é um sinal de que este desejo que deve ser revisto.

Antes que me apontem coisas já vou dizendo que lutar contra o desejo resulta em geral no mesmo: no mesmo fechamento, que se expressa como auto-crítica, que de forma semelhante me põe focado, encolhido sobre mim mesmo, fechado no meu umbigo, numa super atenção comigo mesmo, com o olhar centrado apenas em mim. Empedrado!!!

Um gesto que certamente também não me ajuda e que me mantém preso em mim mesmo é intelectualizar os desejos, defini-los, criticá-los, classificá-los ou criar teorias sobre eles. Eles acabam rindo de mim e se impondo irônicos.

No entanto se ao longo deste ataque posso reconhecer esse meu encolhimento, meu fechamento, posso fazer algo para ganhar espaço, mais circulação energética, mais descontração Posso exercitar uma respiração mais ampla e realizar algum gesto que me tire dessa hipnose. Poderão ser movimentos físicos (dança), algum tipo de meditação, uma oração, escutar alguma música, ou mesmo uma combinação desses elementos. Será algo que de alguma maneira sirva para resgatar-me, e finalmente devolver-me à Vida.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Verdade...s


Fico frequentemente empacado quando em torno de mim começam a falar sobre VERDADE. Aí vêm as pessoas me falar coisas como “meu verdadeiro eu” (o que me dá enormes arrepios), ou sobre “o que na verdade aconteceu”, ou ainda sobre “o que eu senti de verdade”.
O que percebo é a existência de umas tantas verdades coexistindo. Não somente “versões” de um fato apresentados por diferentes pessoas, mas a coexistência de verdades diferentes dentro de uma mesma e única pessoa. Nenhuma menos verdadeira que a outra. Até o que acreditamos ser mentira, sob certo ângulo, pode ser nada mais que mais um dos aspectos da verdade.
A compreensão da perspectiva do outro é um exercício interessante. Me pego muitas vezes tão entusiasmado com minhas explicações/versões/entendimentos das coisas (que acredito serem no mínimo corretas, senão geniais) que não escuto de fato a expressão/versão/compreensão que o outro está trazendo.
Esse é um momento onde me pego endurecido ou, sob certa ótica: materialista.
Meu peito se endurece e perde a maciez da respiração fluente e solta. Muitas vezes fico na fronteira do entusiasmo (ego engrandecido) escorregando para a agressividade.
Creio que a capacidade de rever constantemente, sobretudo o que “acreditamos piamente”, é absolutamente necessária. Não se trata de uma bandeira intelectual ou moral, mas uma postura para a manutenção da nossa sanidade física, emocional e mental. A saúde social também agradece já que tornando-nos um ponto de respiração/flexibilidade, os outros não tendo a que se agarrar ou combater, podem mais facilmente respirar, olhar e permitir que suas respirações, posturas e olhares fluam. Todo o viver fica melhor...não?
Bjs.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Nossa Possível Plasticidade


Nossa Possível Plasticidade

         O ser humano é dinâmico e plástico, e toma as formas necessárias a cada momento para relacionar-se com o que se apresenta, ou o que ele escolhe para se relacionar. Vide as crianças pequenas!
         No plano da manifestação o corpo humano apresenta esta plasticidade através de movimentos, pulsações, respirações, voz e olhares, gerando formas no mundo, tangíveis aos sentidos.
         De onde vêem estas formas?
         São estruturas energéticas, geradas pela combinação de idéias (estruturas mentais), emoções, e ações que convergem (ou deveriam convergir) para cada situação. Uma vez a situação resolvida – completada a questão – a pessoa deveria poder voltar a uma plástica de descanso, esvaziamento (ou de menor esforço), e estar pronto para a situação seguinte.
        Porém....
        Uma simples observação das expressões dos corpos torna evidente que estes perdem grande parte de sua plasticidade com o passar do tempo, com a idade, e acabam por apresentar acumulo de “resíduos” provenientes de situações “não completadas”, não resolvidas de maneira total. Estes resíduos se apresentam como rigidez ou falta de tônus e movimentações mecânicas que caracterizam as pessoas através da expressão: “é o jeito de fulano”.
        As situações não completadas (grande medo, raiva, desejo, tristeza, alegria, não expressos de forma total, portanto não chegando a um descanso) se mantêm à espera de resolução, e “constroem/produzem” uma estrutura - como o nó que se dá na gravata para mais a frente lembrar-nos de algo a ser resolvido. Se, com o passar do tempo, estes nós não forem resolvidos, estes se tornam crônicos, e passam a “fazer parte” da pessoa como uma de suas “características/jeitos”.
        Outra maneira de formar um resíduo é: uma vez resolvido algo com sucesso através de uma forma, esta forma é adotada, imposta, e estendida na busca de resolução para outras situações. Esta resolução, não sendo a mais adequada, provoca constantes “efeitos colaterais”. Estes últimos são muitas vezes incorporados como inevitáveis sob a forma: “é assim mesmo” ou “é a culpa dos outros”. 
       Com a perda da plasticidade energética, há uma perda da potência de resolução
pois parte da energia da pessoa é gasta na manutenção de uma “pose” (resíduos) correspondente a um determinado estado mental e emocional. Quanto mais resíduos, mais gastos energéticos, menos potência.
       Quando pensamos no relacionamento, na interação entre as pessoas, podemos constatar que se estas são realizadas a partir das plásticas de descanso - para cada situação uma nova ação - haverá expressões criativas que surpreenderão os próprios inter-atores. No caso de interações realizadas a partir dos resíduos, estas expressões resultantes serão uma seqüência de reatividades e mesmices. Após certo tempo estas expressões se tornarão esperadas, “conhecidas”, repetitivas, confundidas com nossa identidade (eu sou assim...). E as relações? Inevitavelmente ........desgastadas.  

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Um trabalho ao longo do tempo


Meu trabalho

Engenharia química, terapia, dança e trabalhos sociais. O que têm estas coisas em comum? Porque aulas de movimento?
Meio do céu em câncer o que isso significa? Família? Casa?
Começo talvez por meus ancestrais, judeus, perseguidos em vários países, várias guerras.
Baila em meus espaços as perguntas que provavelmente percorreram o tempo: não somos todos iguais? Onde é nossa casa?
Então me ocorre a lembrança: viajamos a 30 km/s no espaço, todos juntos, numa nave única.
Quero responder a essas perguntas com uma atitude. Quero e desejo a todos que se sintam a vontade em qualquer lugar que se vá ou se esteja.
Cada lugar é nossa casa. Cada pessoa é um meu igual com todas suas diferenças. Na nossa casa todos são meus irmãos.

Emoções é um tema, um veículo, porque no âmbito das sensações e emoções somos iguais/irmãos. Porque todos nós sentimos: fome, sede, medo, raiva, angústias, alegrias, paixão, tesão, tristeza, desconcerto, e por aí vamos.

O que nos permite estar juntos? Não são nossos propósitos externos, mas nossos propósitos mais internos, nossos propósitos de raiz, de constituição. Os entendo como uma busca de realizar o que somos: força/energia, afeto/amor, e inteligência.

Nos palácios, na classe média, esta busca é mais difícil. Aí há muito, há mais, é mais cheio, e o mais e o mais cheio criam hipnoses, inventam deuses. Estes lugares são perniciosos porque exportam sucesso, fama e riquezas, como metas, objetivos e sonhos a serem alcançados. Coisas que penso deveriam ser conseqüências.
Aí neste meio há hábitos muito arraigados de disfarçar vazios através de poses e posses.   Cultiva-se aí muito brilho. Acaba havendo muito brilho e pouca Luz neste meio. E aí esses dois elementos tão diferentes se confundem facilmente. É um meio pantanoso e perigoso, com muitos e contínuos chamados hipnóticos como o das sereias. Com isso muitas possibilidades de distorcer realidades. 
]
Vou ás comunidades de baixa renda, ao presídio, às favelas. Nesses lugares é mais fácil me reencontrar. Lá encontro pessoas com menos disfarces, que reconhecem mais rapidamente suas dificuldades (seus pecados = seus erros de alvo) e me vejo igual a todos, e posso estar junto e reconhecer-me nas pessoas e não nas coisas, até mesmo porque não há muitas coisas materiais, e por outro lado, certamente me percebo nas coisas consideradas transgressivas.
Reconheço o assassino em mim. Reconheço o tarado, o ladrão, o estuprador, o ganancioso, o arrogante, o egoísta, o metido, e por aí vou coletando a presença de praticamente todos os aspectos humanos.

Minha busca enfim é por algo que não dependa de lugares, de hábitos, de raças, de momento ou de tempo. Movimento-me e me descubro continuamente...na Eternidade

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Para um dia 12 de outubro. Para qualquer dia...

Uma criança pequena nos surpreende sempre por sua delicadeza, seu olhar, flexibilidade, transformações constantes, sua possibilidade de expressar profundamente seus desejos e emoções, e sua capacidade de ser direta em suas intenções.
Topam festejar assim?....dia após dia...
FELIZ DIA (sempre) DAS CRIANÇAS (que levamos sempre conosco)

domingo, 7 de outubro de 2012

A questão da Arte


 

    Arte é um conceito bastante amplo e de difícil definição. Está associado a idéias como criatividade e criação, conceitos que muitas vezes são tomados como sinônimos. É fácil, no entanto, confundir arte com suas técnicas preparatórias, ou seja exercício, afinação e capacidade de manuseio dos instrumentos de expressão. Esta primeira e necessária etapa supre os indivíduos daquilo que chamamos de habilidades – no caso da pintura por exemplo, o domínio dos pinceis, das combinações de cores; no caso de artes literárias, o domínio da gramática e ortografia; no caso da dança temos os alongamentos, a conscientização e capacitação corporal, e assim por diante. Porém é somente quando estas habilidades são postas a serviço da alma, segunda etapa, que pode surgir o que chamamos de arte. São muitos os que estacionam e permanecem na primeira etapa.
    O domínio do instrumento de expressão é fundamental para que o evento artístico se dê, porém não se deve confundir habilidade com arte. Arte está relacionada com a expressão da alma através de uma determinada habilidade. Arte tem a ver com esta capacidade de revelar algo de forma única. Para tal é necessário o contato consigo próprio e com o que nos cerca, capacidade de estar ligado à vida. Alguns chamam isto de sensibilidade. Nossa cultura (eminentemente masculina) venera a habilidade, a definição, a certeza, ou seja, o domínio e a posse de algo. Deixar-se parcialmente aberto, sem certezas absolutas, de modo geral não é bem visto, é considerado muitas vezes fraqueza. Os artistas, muitas vezes, por freqüentarem este terreno, causam impacto sobre o grupo social no qual estão inseridos.
    Vê-se freqüentemente uma série de eventos propalados como “acontecimentos artísticos” que, a um olhar mais apurado, se revelam como uma "exaltada" habilidade. Habilidade é parte do evento artístico; é o aspecto “eu sei” do evento, aquele que tem posse sobre algo. O evento artístico necessita do contraponto do “não sei”, do deixar em aberto, da relação com o vazio (nos primórdios denominado “Caos”). A possibilidade de suportar o vazio, e a partir daí desenvolver um diálogo com a própria obra, permitindo que ela  revele coisas ao próprio autor, é o que penso ser a dor e a delícia da arte. É aquilo que sem dúvida caracteriza a arte. É a expressão viva do processo criador, ou seja: criador e criatura em diálogo.
    Cada vez que nos pomos à caminho, aliando ao nosso conhecimento doses de vazio, estamos nos pondo em conexão com a vida e mantendo-nos despertos. Uma atitude absolutamente necessária e que vem sendo finalmente admitida no âmbito do respeitável mundo do pensamento científico. 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Se eu quiser falar com D'us (uma leitura pessoal)


Se eu quiser falar com Deus
(Gilberto Gil)

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
(me retirar do movimento habitual)
Tenho que apagar a luz
(me desligar dos estimulos)
Tenho que calar a voz (fazer silêncio interno)
Tenho que encontrar a paz
(sair da ansiedade)
Tenho que folgar os nós
(soltar)
Dos sapatos, da gravata
(as coisas sobre as quais me baseio e que digo sempre)
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
(os compromissos)
Tenho que perder a conta
(parar de medir as coisas)
Tenho que ter mãos vazias
(abrir mão dos acumulos)
Ter a alma e o corpo nus...
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
(tenho que aceitar coisas difíceis de aceitar)
Tenho que virar um cão
(poder transgredir)
Tenho que lamber o chão (ter a humildade)
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
(de querer ser maravilhoso)
Tenho que me ver tristonho
(aceitar a tristeza que há em mim)
Tenho que me achar medonho
(aceitar meus aspectos desagradáveis)
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração...
E se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Eu tenho que subir aos céus
(entrar em outras dimensões de mim)
Sem cordas prá segurar (sem buscar consolo e explicações)
Tenho que dizer adeus
(deixar para trás meus apoios, idéias)
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
(acreditar)
Que ao findar vai dar em nada
Nada
, nada, nada, nada 
(AIN)
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar
!(me deixar surpreender)
Se eu quiser falar com Deus

Um pouco de cada um de nós


Porque nesse momento estamos tão preocupados com a humanização? Porque este é um tema subjacente a tantos encontros? Estamos perplexos com nossa humanidade e muito de nossos comportamentos. A competição que parecia algo que poderia extrair de nós o suco, o melhor, acabou por nos distorcer. O que passamos a ser capazes de fazer para ganhar algo, ou pelo menos não perder? O que se tornou lícito fazer? Posso me vingar das incompetências dos governos? Dos políticos? Das autoridades? Tenho direito a sonegar quando vejo o que se faz com o dinheiro público? Só um pouco? Só um pouquinho?

O sentimento de abandono é enorme e parece justificar posturas, comportamentos, ações e não ações.
Somos massacrados diariamente por notícias terríveis. Devemos ou podemos nos abster de nos emocionar? Temos o direito de ignorar, de fechar o coração? Tornamo-nos indiferentes?

Onde estão as regras? No fundo o que é que pode e o que é que não pode? Até onde se pode ir até onde não? Está escrito em algum lugar? Alguém tem o manual do jogo da vida?

Um enorme sentimento de vingança, algumas vezes discreto, algumas vezes explícito toma conta de muitas pessoas.

Ainda estamos buscando algum manual ou algum guru que nos dê as soluções.

A verdade é que não há mais regras gerais ou genéricas que possam de uma vez por todas regular nossas atitudes.

Existe um correto teórico e um correto real, de acordo com cada pessoa, cada situação, cada lugar, cada tempo.

Quando somos pequenos nossas mães, nossos responsáveis nos dizem exatamente o que fazer, quando e como. Escove os dentes! Está na hora de dormir! Lave as mãos! Vem jantar! Come tudo!
Crescemos e supostamente deveríamos estipular e reconhecer nossas necessidades e nos ordenar com relação a elas. Determinar quando escovamos os dentes, se escovamos, se deixamos para depois, se comemos agora ou alguma bobagem mais tarde. O processo de crescimento é esta possibilidade de reconhecermos e regularmos nossas vidas de acordo com nosso discernimento. Sem mais mamãe ou responsável para nos dizer o que fazer ou o que não fazer: quando, aonde e de que maneira.
Deveríamos poder discriminar o que convém ou não a partir de nossas experiências.
Geralmente não são as experiências que regulam nossas atitudes, e sim os modelos. Modelos que adotamos quando pequenos sobre como deveríamos ser. Nem mamãe se interessava em saber quem eu era e sim como deveria ser, me comportar. Ao longo da vida, nos revoltamos contra ou aceitamos algum modelo, lembrando que própria revolta é a adoção de um modelo contraposto – mas sempre um modelo.

Nos relacionamentos inter-pessoais, se pode falar de livre arbítrio? Capacidade de escolher o que é melhor a cada instante? De reconhecer o que nos motiva realmente? É muito fácil enganar a si mesmo.
Conhecemos a nós mesmos em profundidade suficiente para termos um real livre arbítrio?

Temos a humildade suficiente para reconhecer que somos condicionados? A começar por nos reconhecer como produtos de países, regiões, localidades onde nascemos, de épocas nas quais surgimos, de famílias das quais descendemos, que vivências pessoais e traumas sofridos nos impuseram posturas? Teremos a consciência ampla e plena de tudo que nos impregna e que nos é bombardeado ao longo do cotidiano? Somos capazes de reconhecer que alguns pensamentos que nos atravessam não têm origem em nós mesmos, mas que os captamos no ar? Que os repetimos como se fossem nossos e que fomos treinados dentro de parâmetros que agem sem que nos demos conta deles?

Estamos impregnados pelas idéias de como deveríamos ser. Começando por: o que deveríamos sentir - sentir em termos de sensações e sentimentos; que pensamentos deveríamos pensar. É tão comum esse condicionamento que muitas vezes não percebemos o que de fato estamos sentindo e pensando, tamanha é a ansiedade com aquilo que supomos devemos preencher.

Esta forma de viver é tão desgastante que nos encontramos frequentemente esgotados e tão cansados que terminamos por nos anestesiar e assim deixamos passar por nós pessoas e eventos. Deixamos passar oportunidades. Oportunidades não só de ganhar coisas ou evitar perdas, mas oportunidades de expressar afeto, ouvir, trocar experiências, de viver, de conhecer uma vida viva.
 
Não estou propondo sermos anjos, isto é literalmente desumano. Proponho estarmos mais em contato com o que de fato estamos vivendo e assim com clareza chegarmos a expressar vida, sentimentos e pensamentos: manifestações únicas de cada um de nós.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O que importa mesmo

Não importa exatamente a sua profissão. os seus títulos, o que importa no final, são os verbos que você conjuga.

DIA DO PERDÃO

Foto: DIA DO PERDÃO. O verbo perdoar em diversas línguas tem algo em comum. Per-doar; par- donner; per-donare; for-give. Combina "per", "par" "for" que entendo como "em volta" e "para" somados a palavra doar, dar, entregar, abrir mão, deixar ir etc. Deixar ir: opiniões, mágoas, idéias, lembranças dolorosas e por aí vai. Enfim ao fazer isso ficar mais leve, menos pesado e agarrado. Assim permitir que coisas novas cheguem, que o que nos polui por dentro se vá. Que uma renovação se estabeleça. Penso que o jejum tenha esse sentido: simbolicamente um momento de não engolir nada. Não por por nada mais para dentro. Digerir e deixar ir o que não nos serve mais. Um NOVO raia então em nós.

                                                                  DIA DO PERDÃO.

     O verbo perdoar em diversas línguas tem algo em comum. Per-doar; par- donner; per-donare; for-give. Combina "per", "par" "for", que entendo como "em volta" e "para" somados à palavra doar, dar, entregar, abrir mão, deixar ir e
tc. 
     Deixar ir: opiniões, mágoas, idéias, lembranças dolorosas, e por aí vai. Enfim ao fazer isso esvaziar-se, ficar mais leve, menos pesado e agarrado. Desta maneira permitir que coisas novas cheguem, que o que nos polui por dentro se vá. Que uma renovação se estabeleça.
     Penso que o jejum tenha esse sentido: simbolicamente e energeticamente é um momento de não engolir nada, de não por por nada mais para dentro. Dar espaço para digerir o passado e deixar ir o que não nos serve mais. Um NOVO tempo então pode raiar em nós.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Alegria Sustentável




Sinceramente, não luto por nada. Faço o que me deixa feliz. Uma das coisas que me deixa feliz é estar junto com os jovens e levar a eles as perguntas que tenho de modo que juntos encontramos novas respostas, novos caminhos que em geral me surpreendem.

Levo a eles meus incômodos e a necessidade de estar presente. É esse presente (em todos os sentidos) a maior dádiva que recebo deles.

São, sobretudo, aqueles em situação desfavorável os que trazem olhares e expressões sem adornos, diretos e retos.

Eles são minha “salvação”, pois percebo que estou sujeito a me prender a algumas visões e enunciados (mesmo que bem intencionados) muitas vezes caducos. 
São as surpresas e o inédito que me mantém desperto e presente.
Este contínuo desafio me encanta e me dá lugar no mundo.

A hipnose da competição gera um prazer que é derivado de ações e conquistas isoladas e individualistas. Esse prazer dura pouco, e se desfaz logo. Gera ansiedade porque requer mais conquistas e ações. Quando algo é feito junto, com o sentimento de união, há a geração de alegria para muitos. O prazer se mantém por um longo tempo. Sustentabilidade também é sentimento. 

No trabalho que proponho a jovens em comunidades a paisagem que se forma é de ganho, de participação, de construção de elos, de cumplicidades e de respeito mútuo. Que outra palavra sintetiza isso se não ALEGRIA?    

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Crianças no play









Já vinha há certo tempo desconfiado, e agora diante dos movimentos da política apresentado nos recentes noticiários, me parece que finalmente entendi. 
Governar é coisa de garotos mimados no play: "se você me emprestar a bola eu deixo você andar na minha bicicleta"; "se você não deixar eu brincar com seu carrinho eu não deixo você entrar no meu time", e tem também: "se você não deixar eu usar seus patins eu falo com meu irmão e ele te bate". Tudo isso com voz grossa, terno e gravata. Aí rolam as "alianças" que têm o tempo, o interesse e a memória volátil das crianças.

 E o povo, bem, o povo fica olhando do lado de fora, na ilusão, achando que tem gente grande lá no play.



segunda-feira, 18 de junho de 2012

Rio + Quanto? ou Uma história muito antiga


Rio + quanto?


Quando em conversas com amigos e outros interessados sobre sustentabilidade, economia verde e temas similares, ou seja, em posturas que permitam uma verdadeira mudança nos cuidados com o planeta, inevitavelmente chegamos sempre a um mesmo ponto. Espremido o suco, terminamos por concordar que em essência sabemos do que é necessário ser feito e que estamos fartos de enunciados e discursos em mil variações sobre o tema, mas com pouco movimento efetivo sendo realizado.

O que é então necessário para que sejam tomadas as óbvias providências e feitos os necessários movimentos?

Estas conversas nos levam num primeiro momento a diagnosticar de que era necessário falar não às cabeças das pessoas, mas ao seu emocional. Que discursos descritivos e explicativos já não movem ninguém. Todos mecanicamente aplaudem, mas dez minutos depois já estão envoltos em seus afazeres cotidianos e as belas idéias são postas nas prateleiras junto a tantas outras coisas interessantes que fazem parte de nossos armários de boas intenções.

No desenrolar de nossas trocas de idéias constatamos tristemente que mesmo com discursos emocionados e emocionantes, que muitas vezes arrancam lágrimas dos ouvintes, ocorre um processo de esvaziamento semelhante. Em pouco tempo outras preocupações e emoções se abatem sobre os que acabaram de jurar que iriam mudar e se engajar de corpo e alma, e novamente tudo volta ao estado de inércia.

Usando como metáfora a epopéia da saída dos judeus do Egito, pergunto: Quantas pragas foram necessárias para que o Faraó se sentisse verdadeiramente afetado e permitisse a saída dos judeus em direção à terra prometida?

As primeiras pragas que lá se abateram receberam rebuscadas explicações dos ministros do faraó que atenuaram suas preocupações. Pragas após pragas assolaram aquelas terras e somente após a décima, a morte dos primogênitos em que o próprio filho do faraó sucumbiu, é que este se dobrou e permitiu a movimentação de saída. Apenas depois de sentir-se pessoalmente e duramente afetado é que pode ser dada a permissão para o movimento de deslocamento de uma terra para outra, de uma realidade para outra.

Obviamente o faraó e Moisés são instancias que nos habitam, e que neste momento se confrontam de alguma forma dentro de nós. O que moverá nossa porção faraó?

Há um mar de coisas a serem atravessadas ademais com a certeza de vários desertos a serem cruzados. Estamos faraonicamente presos a formas culturais que envolvem, sobretudo, nossa política e economia que se revelam em vertiginosa obsolescência. São estruturas que se defrontam com necessidades de mudanças urgentes.

Vemos em torno de nós todos os sinais, na forma de eventos ecológicos, transtornos econômicos, políticos e sociais. Estas pragas se apresentam diante de nossos olhos, buscamos explicações consoladoras e com isso relutamos em reconhecê-las como gritos de alerta. Quais serão as pragas que se seguirão? Quantas serão ainda necessárias? Qual delas será tão insuportável que deflagre um movimento consistente que permita que abandonemos finalmente nossa inércia? Qual delas será trágica o suficiente para que nos movamos para fora desta situação a que relutamos abandonar e possamos chegar à Terra prometida que desejamos? Um Rio + quanto será necessário? E não me refiro apenas a tempo...mas a dor que estamos dispostos a suportar.       

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Sustentabilidade


SUSTENTABILIDADE


     Sustentabilidade é exatamente o que? Economia verde? Preservação do meio ambiente?
    Interessante lembrar que ecologia é muito simplesmente cuidar da casa, essa enorme casa que flutua no espaço: o planeta Terra. E cuidar tem sido verbo pouco conjugado. Cuidar, convenhamos, é verbo feminino por excelência.

     Em meio a uma cultura fálica que tem apoio em parâmetros econômicos, com o objetivo ansioso de lucros, é quase impossível encontrar maneiras de abordar o tema sustentabilidade de maneira realmente comprometida. Não me refiro à postura de meninos aplicados cuidando de ser seletivos com relação ao lixo, ou não usar produtos e serviços que possam produzir gases de efeito estufa.

    O buraco é mais embaixo. Se quisermos falar de verdadeiros cuidados, comecemos por educação. Por educação não me refiro ao pensamento linear das convenções acadêmicas, trata-se sim do desfazimento de estruturas arcaicas que tem gerado comportamentos e atitudes cotidianas destrutivas. É preciso atenção quanto aos efeitos gerados pela inoculação permanente e exacerbada de idéias envolvendo competição, busca a qualquer preço por um lugar ao sol que determinam atitudes reativas de medo e seus derivados: individualismo, solidão e violência, ações diárias grandemente insustentáveis.

    Muitos aspectos dessa necessária acomodação planetária são os eventos inesperados que se sucedem em ritmo vertiginoso. Damo-nos conta, mas não fazemos as contas do quanto temos de digerir, mudar rumos e repensar questões que pensávamos incontestáveis. Os parâmetros externos ditados pelos gurus-autoridades, que até ontem serviam de guias, caem por terra. É necessária uma reeducação que propicie contato interno, reflexão pessoal, e acima de tudo, aptidão para escolhas. Escolhas que deverão ser exercidas e revistas a cada instante. O que pode ter sido bom ou mau em determinado momento pode ter vigência efêmera.

   Desenvolver a capacidade de estar atento ao mundo e a si mesmo, de forma contínua, é a educação necessária e o cuidado para viver o tempo que já está em vigor e de fato caminhar em direção à sustentabilidade  

terça-feira, 22 de maio de 2012

Inclusão: Um salto quântico na expressão do amor

Vivemos mergulhados em uma atmosfera criada por nós e alimentada/abastecida constantemente por nossos pensamentos. Esta atmosfera por sua vez nos alimenta e nos impregna. Podemos dizer que nos hipnotiza e, sob um ponto de vista podemos dizer que nos “educa”, ou melhor, “domestica”. Alguns pensamentos mais intensamente ou constantemente conjugados tornam-se “verdades”. E acabamos por fazer estas verdades vigorarem, existirem através de nossa aceitação delas. Construímos pois, em conjunto, o que chamamos de realidade. Realidade é o que acreditamos ser verdade.

Em nosso íntimo temos e mantemos muitos segredos que são sensações, sentimentos e pensamentos segregados. Consideramos, classificamos, etiquetamos todo esse conjunto como loucuras, fantasias ou sonhos. São coisas que não se encaixam na realidade construída em comum. Penso que, ao termos feito essas construções da realidade, ao custo do abandono e segregação de nossas vivências íntimas, o fizemos não por estupidez, mas para viver e ter a sensação de "estar juntos" de "sentir-se parte". Este compartilhar e conjugar de idéias e pensamentos representa uma ansiosa busca de amor.

Temos produzido uma construção hegemônica da realidade que tem repelido nossos segredos fazendo-os gritar de dor.

Porém, na medida em que o amor que somos se afirma e se expande podemos deixar de exigir igualdade de pensamentos, idéias e sentimentos e podemos passar a conviver com “mundos paralelos”, com “realidades paralelas”. Com isso dissolvem-se as realidades "únicas" construídas ao longo do tempo. Isso pode num primeiro momento parecer atordoante, porém expressando mais livremente nossas sensações, sentimentos e pensamentos (nossos segredos), podemos exercer/viver de fato o que chamamos de inclusão, ou mais precisamente, uma integração de realidades. Isso nos abre a novos espaços para a criatividade e para criações infinitas. Representa um salto quântico humano, uma manifestação mais profunda do Amor!!!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Escutar e dançar

As músicas tocam dentro e fora de nós. Muitas músicas são compostas na interação com os outros. De qualquer forma trata-se de desenvolver o OUVIR. Pena que nossa educação formal faça com que nossos ouvidos fiquem entupidos com tanta matéria inútil. Assim é comum nos encontrarmos em situações de profunda surdez. Nestes casos DANÇAR, que finalmente é uma das mais significativas formas de ORAÇÃO, não tem chance de se fazer presente. Fica o convite para que tiremos de cima de nós o inútil para que a DANÇA nossa de cada dia possa ser conjugada. bjs

sexta-feira, 30 de março de 2012

Debaixo da máscara de orgulho: meu currículo

Debaixo da máscara de orgulho: meu currículo

Com o tempo me dei conta de que tinha um orgulho tão grande que não me permitia falar das coisas que conquistei, realizei, das coisas bonitas que fiz. Não me permitia citar meus feitos – era orgulho demais. As pessoas é que deviam descobrir essas coisas. Assim se perguntado: Você fez isso? Eu poderia abaixar os olhos e dizer “humildemente” algo como: pois é, é verdade eu nem me lembrava..., coisas assim. Fazia isso com tanta convicção que eu mesmo acreditava nesta postura, como se isso fosse espontâneo e natural.
Obviamente ficava irritado quando outras pessoas se apresentavam citando as coisas que faziam, os títulos que tinham, os prêmios que haviam recebido, e eu sempre arrogante, considerava tudo isso uma auto-exaltação.
Também não freqüentava eventos sociais, reuniões, festas, conferências, encontros a não ser – e aí era onde dava bandeira – que eu fosse convidado para estar em algum lugar de evidência, dar uma palestra, conferência, trabalho, vivência, enfim ocupasse algum lugar de destaque.
Criei teorias enormes sobre como na realidade o importante era o que se era “por dentro” e não as “coisas de fora”. Cheguei a propor em reuniões que coordenava que as pessoas se apresentassem da seguinte maneira: Se você não é o que você faz, se você não é os seus títulos. Quem é você? Apresente-se!
Impactante! Praticamente todos ficavam sem saber muito bem o que dizer. Achava isso o máximo – e de certa forma continuo a achar. Num círculo de apresentações, depois de três ou quatro pessoas se apresentando de maneira formal, ninguém se lembra mais claramente de quem era o que e já se confundem os títulos. Por outro lado quando alguém falava de algo mais pessoal havia mais mobilização e as pessoas se tornavam, digamos mais inesquecíveis. Toda essa interessante proposta era algo que tinha um pé fundado em meu orgulho, neste desprezo pelas pessoas que baseiam suas vidas em coisas reverenciadas “pelo mundo social e acadêmico”.
Resolvi então, descer de meu pedestal, escrever, ou descrever a mim mesmo por todas as coisas que realizei, e pelos títulos que angariei ao longo da vida, assim lá vai:

Falo além do português, inglês, francês, espanhol, italiano e arranho um pouco de russo.
Formei-me em engenharia química pela UFRJ, fiz cursos de engenharia nuclear e tenho diploma de operador de reator de pesquisa.
Fiz teatro como ator, diretor e coreógrafo, televisão (novela) como ator, cinema como ator, ópera como ator e dançarino, circo como coreógrafo. Fiz dança como dançarino e coreógrafo nos grupos Teatro do Movimento (Angel Vianna) e Coringa. Ganhei premio de melhor dançarino no primeiro concurso nacional de dança contemporânea, Salvador Bahia e prêmio de melhor solista no terceiro concurso de dança contemporânea de Salvador Bahia. Ganhei junto com o Grupo Coringa vários prêmios nestes mesmos Concursos.
Dei aulas de dança contemporânea por vários anos.
Sou formado em Terapias psico-corporais, trans-pessoais e de desenvolvimento humano dentro do sistema Rio Abierto, uma entidade que tem como objetivo o desenvolvimento integral do ser humano. Tornei-me instrutor didata deste sistema. Fui diretor do Rio Abierto no Rio de janeiro e diretor do Rio Abierto Brasil. Além disso fiz parte da diretoria do Rio Abierto Internacional por longos anos.
Fiz trabalhos em comunidades como no Cantagalo Pavão Pavãozinho onde realizei um trabalho com jovens patrocinado pelo Ministério da Saúde que recebeu o mome de "Desenvolvendo a Saúde Emocional para fazer frente à Violência" praticamente um ano de dedicação. Na Cidade de Deus pude realizar um trabalho de integração das lideranças comunitárias do local.
Já a aproximação com o Centro Cultural a História que eu Conto - no Complexo Vila Aliança e Senador Camará tem sido minha alegria, de tal modo que costumo dizer: "Não moro em Vila Aliança, mas sou de lá" - um local onde me sinto fazendo totalmente parte. Onde há BJS (Binho, Jê e Samuca)
Sou terapeuta comunitário formado pela Universidade Federal do Ceará e estou terminando a formação em terapia de família numa abordagem sistêmica pelo Instituto NOOS.
Tenho certificados que não acabam mais de Congressos, encontros e seminários, onde evidentemente fui um tanto protagonista.
Dou cursos sobre temas concernentes ao desenvolvimento humano no Brasil e no exterior - Argentina, Uruguai, México, Itália, Espanha, e Rússia.
Sou professor da UniverCidade, professor convidado da FGV, e professor do MBA da Faculdade Celso Lisboa.
Escrevo artigos para jornais e revistas e tenho um livro escrito, intitulado: Tornando-se Dançarino – Como compreender e lidar com mudanças e transformações. Ed Mauad. 2004.
Realizo atendimentos individuais terapêuticos e também trabalho com massagem.
Ah sim! Tenho dois filhos – Gabriel e Sofia e sou casado com Luciana.
Se me lembrar de mais alguma coisa dignificante escreverei aqui.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Uma das mais belas sínteses

De Alejandro Jodorowsky
Uma das sínteses mais lindas que já li:

"Atraviesa con tu mirada pura las mil máscaras bajo las que mi alma dolorida se esconde".

Atravessa com teu olhar mais puro as mil máscaras sob as quais minha alma dolorida se esconde.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Encontro de Sustentabilidade

Neste encontro sobre sustentabilidade que tivemos, terça feira, dia 13 de março de 2012, no Sesc Sta Luzia RJ, propus algo que recordo aqui:
A começar pela lembrança de que Saúde (Health, Whole, Holly são palavras que vêm da mesma origem, da mesma raiz - Saúde, Totalidade e Sagrado se inter relacionam) é e estão contidas na idéia de Sustentabilidade. Isso relaciona-se com a percepção e atenção contínua com respeito à pulsação das coisas: particular X totalidade, indivíduo x grupo, e por aí vai. Nosso coração assim funciona.

Fundamental introduzir CULTURAS que se interconectam como:

A CULTURA DO MOVIMENTO em contraste com a cultura da busca constante pela estabilidade, do estabelecer-se na vida As coisas estão em constante transformação e movimento. Para isso o é importante aprender a dançar, literalmente - coisa que na cultura Azteca era feito por administradores, militares, religiosos etc compreender com a totalidade de nós o movimento e ritmo das coisas.

A CULTURA da HUMILDADE - "Understand" - postar-se debaixo Compreender em oposição a apenas entender (que é como postar-se por cima).Vivenciar as coisas e aceitar o desajeitamento com as situações novas e elas não são poucas.
Entender o ridículo como algo novo como qual estamos lidando - Só crescemos quando saímos da zona de conforto e entramos em algo que não nos é habitual.

A CULTURA da PRESENÇA - o que significa aceitar o não saber as respostas imediatamente. O que vale agora não vale amanhã e o que valeu ontem talvez não sirva hoje. Em contraste em ter as soluções prontas de antemão. Maravilhar-se com as coisas, descobri-las novamente a cada vez.

CULTURA da INTEGRALIDADE - Outras parte de nós além da cabeça devem participar e integrar-se com o mundo das idéias
Existem inteligencias além da racional - a emocional, a intuitiva a fisiológica, a expressiva,e outras tantas.

Essa foram algumas das propostas que apresentei no encontro como sugestões para uma renovação de nossas posturas.
Um abraço
Michel

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O passar do tempo...

Velho, idoso, 3ª idade, senior, etc. Seja lá que nome encontrarem, inventarem ou preferirem, para mim não tem muita importância. Reconheço apenas que há gente que estanca, pára, fenece, encolhe, recolhe, deixa de experimentar, deixa de arriscar-se, deixa de sentir coisas novas, deixa de viver, ousar, e fica repetindo o que já sabe. Vai aos mesmos lugares, come as mesmas comidas, sente os mesmos cheiros, repete as mesmas palavras. Como não se relacionam mais com o que surge de novo no mundo têm sempre a sensação que estão perdendo, e que "antigamente era melhor".

São pessoas que deixam de "dar flor". Não fazem mais primaveras, só invernos.

Talvez o pior é que algumas dessas pessoas resolvem aconselhar constantemente os "jovens" a partir das experiências que viveram.

O terrível é que os meios de comunicação estimulam exacerbadamente o medo, noticiando de forma apaixonada desgraças. Convenhamos, medo vende. Vende proteção, seguros, vigilância, armas, e... remédios (pressão alta, úlceras, gastrites, desequilíbrios metabólicos etc). O excesso de medo paralisa. O excesso de medo sobretudo ENVELHECE, isola e busca ansioso aonde estão os perigos de VIVER.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

ARTE da PRESENÇA

Um trabalho que envolve movimento corporal, música, interações, meditações, jogos e reflexões. Atua sobre o corpo, as emoções e formas de pensar, proporcionando maior plasticidade e capacidade criativa. Promove uma capacidade de realizar novas escolhas e incorporar novas formas de viver.

Segundas e Quartas de 19:30 às 21:00
Espaço D’eu Ser Tel: 2556 1490
Rua 2 de Dezembro, 19, fundos (próximo ao metrô Largo do Machado)


A realidade: juntos a criamos.


Nosso corpo reflete nossas crenças e opiniões, nossos sentimentos e pensamentos.
Nossos movimentos são fundamentos de nossa linguagem.
Além das palavras, a linguagem é composta por gestos, posturas, respirações, ritmos e olhares.
Toda essa linguagem, repetida cotidianamente, além de tornar-se nossa identidade, determina o que e como vivemos.
Ampliar a linguagem, o repertório de movimentos (gestos, posturas, respirações, ritmos e olhares) amplia a capacidade de viver, de nos relacionar com o mundo.


Benefícios
Físicos
Melhoria do sono
Melhoria geral do metabolismo.
Maior flexibilidade

Emocionais
Melhoria dos relacionamentos.
Desenvolvimento da afetividade

Mentais
Apuro nas orientações espacial e temporal

Geral
Integração dos aspectos físicos, emocionais e mentais




Se você olhar bem, a possibilidade do novo está sempre presente.





Coordenação – Michel Robim
Atua na área de desenvolvimento humano há 34 anos
Instrutor didata, formado em terapias psico-corporais, trans-pessoais e de desenvolvimento humano pela Fundação Rio Abierto, Buenos Aires, Argentina
Terapeuta Comunitário formado pela Universidade Federal de Ceará.
Cursou a formação em Terapia de Família – Abordagem Sistêmica (Instituto NOOS /Multiversa - RJ).
Professor MBA Faculdade Celso Lisboa
Coordenador de projetos sociais. Ministra cursos e vivencias sobre temas referentes a saúde, arte, educação e desenvolvimento humano e social, no Brasil e no exterior (Argentina, Uruguai, México, Itália, Espanha e Rússia). Autor do Livro “Tornando-se Dançarino – Como Compreender e Lidar com Mudanças e Transformações” – Editora Mauad novembro 2004

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Poder Criador

O Poder Criador

Paulo Freire : “ O mundo não é, o mundo está sendo”

Vivemos sob a hipnose de que os acontecimentos e eventos não dependem de nós, que a realidade é inexorável, que a possível intervenção sobre ela se dá por caminhos já conhecidos (políticos, revolucionários, reivindicatórios, intervencionistas, reformistas, etc.). Desconhecemos, sobre tudo na prática, nossa capacidade de criar a realidade, e por outro lado não percebemos como estamos imersos em uma atmosfera educacional e cultural que limita e condiciona nossa percepção, e portanto, nossa ação sobre a realidade. Simplesmente gostamos ou não gostamos de determinadas coisas, as aprovamos ou não, isto porque se encaixam ou não em nossas teorias, idéias e princípios, sempre colhidos de uma fatia da realidade. Raramente nos abrimos para o que está a nossa frente, quase nunca nos permitimos experimentar, já que no experimentar corremos o risco do ridículo, do desconcerto, do estranhamento e outras desconfortantes sensações. Estamos quase sempre comparando o que nos cerca com o que já sabemos.
De fato o “original” é inicialmente considerado “louco” ou “infantil”. A atitude criadora é fundamental, e não é necessariamente, à primeira vista, espetacular. Pode ser discreta, incompreensível, pequena, mas o aspecto mais marcante é seu sabor. A sensação é de amplificação interna. O que é sempre acompanhada de um “sorriso da alma”.
É necessário perceber que criamos realidades em grupo, em conjunto. O que acreditamos existir, multiplicado por muitos e repetido por algum tempo passa a ser realidade, ou melhor, passa a existir em um nível tangível pelo grupo que nelas acreditam. As realidades necessitam reforço constante para existirem. Requerem alimento e “renovação de votos”. A mudança de realidade não funciona por mero capricho. Ao nível individual não é um “por que eu quero” que mudará as coisas, tem que vir de um ponto mais íntimo do ser. Tem que ter um gosto de desejo intenso, fervoroso, como o desejo que as crianças vivem. Tem que ter um sabor de “eu mereço”, “eu acho justo”, não em uma avaliação e construção intelectual, mas envolvendo a emoção, ou em outras palavras, com a alma acesa. Há que haver uma sensação de que o desejo estará em paz com as muitas outras partes de mim.
Esta postura vivida desta forma e conjugada em grupo é poderosa. É capaz de criar as realidades que desejamos.