quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Sobre essa expressão: "meu verdadeiro eu".


Escuto pessoas que insistem nessa expressão: "preciso encontrar meu verdadeiro eu" querendo expressar algo profundo. No entanto penso que todos os "eus" exercidos são verdadeiros. Cada um deles cumpre uma função.
Há uns "eus" mais queridos que outros. Há uns eus que são perseguidos, esses que se deseja muito exercer. Como eles existem os "eus" que nos impomos. Todos esses ficam sob a chancela do:"tenho que ser".
 Há uns "eus" repelidos e depreciados. Há uns "eus" dos quais se quer fugir que ficam debaixo da etiqueta do "não posso ser".
Por outro lado há uns "eus" que se crê ser.
Há ainda aqueles "eus" invisíveis para nós, e que só os outros vêem.
Há momentos em que fazemos algo que nos surpreende, onde um dos "eus" ignorados ou exilados toma a frente  nossa, assume momentaneamente o controle, e então dizemos: "gente me desculpem, mas não era eu".
Importante reconhecer como cada "eu" é uma forma de traduzir uma necessidade nossa, um desejo nosso.
Em vez de buscar o eu verdadeiro, talvez a grande aventura é ter consciência de todos os "eus" que se expressam através de mim.
Cada eu tem uma forma, uma música, gestos, movimentos, olhares e respirações próprias.
Minha alma, minha essência, meu self, ou o nome que queiramos dar, busca a maneira mais adequada e própria de se expressar no mundo, naquele momento, naquele lugar, naquele contexto. Isso requer flexibilidade permeabilidade e despir-se de preconceitos sobretudo de que existe um "eu verdadeiro".

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