domingo, 21 de novembro de 2010

Era uma vez, talvez tantas...


                                ERA UMA VEZ, TALVEZ TANTAS...       



        Era uma vez num lugar, uma província. Nesta província vigorava uma lei extremamente cruel. Uma lei que determinava que a cada mês, 30 presos, escolhidos em sorteio, deviam ser executados para que servissem como exemplo de que “leis eram para ser respeitadas, e jamais transgredidas”. A sentença de execução era assinada pelo governador da província em determinado dia do mês até o meio dia. Passado o meio dia e a sentença não sendo assinada, dizia esta mesma lei, os prisioneiros escolhidos deveriam ser perdoados e libertados, coisa esta que jamais havia ocorrido.
       Pois então era este fatídico dia, e o governador, em seu carro, dirigia-se ao palácio, para entre outras coisas assinar a dita sentença. Lá ia o governador observando de seu carro os afazeres e o cotidiano de seus cidadãos, quando sua atenção é chamada para dois meninos em seus jogos. Um deles corria atrás do outro numa espécie de brincadeira de pegar, quando o que ia à frente tropeça, cai, e solta um grito de dor. O outro, imediatamente atrás, interrompe o folguedo, ajoelha-se ao lado do primeiro, e num gesto de compaixão consola o outro, sopra-lhe o ferimento do joelho, ajuda-o a levantar-se, e abraçados, dobram a esquina e desaparecem das vistas do governador.
        A cena vislumbrada remete o governador a lembranças, fazendo-o afundar em pensamentos, reflexões, memórias... Neste estado, ensimesmado, chega ao palácio, fecha a porta de seu gabinete, isola-se, e mergulha sabe-se lá em que recônditos de sua alma, não desejando “ver ninguém nem ser de nenhuma forma incomodado”. O tempo passa e o meio dia chega com suas badaladas, despertando o atônito governador de seu universo reflexivo. Passara do meio dia, e pela primeira vez na história da província a sentença não havia sido assinada - Os prisioneiros estavam libertos!
         A notícia como um raio se espalhou por toda a província. Uma grande alegria tomou conta de todos os cidadãos, ninguém parecia acreditar no milagre.
         Na casa dos dois meninos, que haviam sido avistados pelo governador, a notícia chegou antes mesmo que estes, retornando da rua, tivessem posto os pés na soleira da porta. A mãe ensolarada recebe os dois à porta, exclamando;
“Sabem o que aconteceu? Os prisioneiros foram libertados, não é maravilhoso? Agora venham cá, digam-me, como foi o seu dia, o que vocês fizeram hoje?”
         “Nada!” responderam os meninos, “hoje não fizemos nada, foi um dia ruim, ele caiu, se machucou... a gente nem conseguiu brincar direito..,acho que a gente nem deveria ter saído de casa...”


Eis aqui um pequeno conto..., e uma pergunta. Como esta sendo seu dia, o que é que você fez hoje?   



                                                                                                                                                                            
                                                                                                 

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