quinta-feira, 5 de abril de 2018

Reflexões sobre o crime por aqui



Qualquer crime aqui no Brasil, mais do que em qualquer outro país do mundo, poderia ter resolução rápida.

Não exatamente pela eficácia de nosso sistema investigatório, mas pelo simples fato de que somos um povo que observa, fala pelos cotovelos e deixa vazar informações a torto e a direito. O desejo de ter a informação ainda que para posar como pessoas interessantes, que sabem segredos que poucos tem acesso é fator forte. Adicione-se a isso o fato de que agora muitos, munidos de "smartphones" podem registrar fatos difíceis de serem refutados.

Penso que há sempre um "equilíbrio" (instável seja dito) entre a criminalidade e a polícia, mas efetivo. Há certamente um convívio entre esses dois setores, com várias combinações e acordos que em certos âmbitos envolvem até mesmo outras autoridades.

Quando a opinião pública se envolve esse equilíbrio sempre periga ser rompido. Nesse caso ou se buscam ou se criam os bodes expiatórios, ou se protela quase que indefinidamente a "investigação", sob a chancela de manutenção do "sigilo".

Creio que no caso de haver uma vontade politica de resolução, um movimento possível é simplesmente postar-se em locais determinados, escutar, fazer as perguntas certas e com atenção juntar os pedaços.

Este equilíbrio entre criminalidade, população e polícia existe e é sempre temperado por medo. E é aí que mora a grande barreira. Esse medo é o elemento mais intenso, desenvolvido e propagado em nosso país, afetando obviamente sobretudo os menos empoderados. Testemunhas? Quem quer se arriscar? Pode-se facilmente forjar um assalto permitindo que os que devem ser silenciados se tornem pobres vítimas fatais do evento.. Além disso balas perdidas estão aí mesmo, com algumas com endereço certo.

Por outro lado, certamente balas encontradas em corpos de diversos inocentes, são resultado de policiais apavorados, encurralados, mal treinados e lançados em incursões mal planejadas frequentemente com a tônica reativa.

Importante lembrar que este é um país onde uma grande maioria tem poucas perspectivas de futuro, poucos sonhos de mudanças. Esses partindo de suas experiências existenciais que os fazem chegar a conclusão que o valor do viver é baixíssimo projetam esse sentimento sobre os outros que os cercam, tornando o morrer e o ato de matar algo com menos importância que digamos a classe média.

Os participantes de confrontos envolvem-se em episódios violentos resultados dessas vivências onde a vida tem valor irrisório, sejam eles policiais ou criminosos.

Quanto a corrupção, convenhamos, somos treinados para ela desde pequenos.Somos educados desde o jardim de infância para a competição. Não sendo raro o estímulo dado pelas "tias": "Vamos ver quem chega lá primeiro" "Quem faz o trabalho mais bonito", etc . Quem ganha leva os prêmios , os elogios e o reconhecimento. Há um estímulo sutil mas forte que estimula a ganhar o reconhecimento a qualquer preço, sim porque sabemos que o primeiro colocado do último lugar é o segundo lugar.

Ademais, o óbvio, ou seja onde rolam crimes, sobretudo os de colarinhos brancos (ou pardos), rola, em geral muita grana, muitas promessas e o exercício do poder dialoga com mãos que lavam outras.
Grana é poder. Grana emudece bocas e fecha olhos, além de provocar amnésias profundas e precisas.
segue.....

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