sábado, 11 de abril de 2015

Loucura, adolescência...ou um profundo medo?


Ao olhar em volta percebo cenários e movimentos destrutivos e trágicos. Não se trata mais de “luta de classes”, de busca por “igualdade”, “justiça” ou “distribuição de riqueza”. Estes enunciados, quando eventualmente levantados, parecem ser desculpas para atitudes que tem sua origem em outro campo.

EI (Estado Islâmico), antisemitismo, homofobia, xenofobia, racismo, fundamentalismo, enfim ... pareceria que o mundo está sendo tomado, contaminado por uma onda intensa de pensamentos e posturas radicais e desvairadas de todos os tipos.

Discursos preconceituosos, agressivos com pregações de violência são ouvidos pelos quatro cantos do planeta. Jovens saem de seus países para se inscreverem em seitas, grupos e guerras extremistas.
No Brasil se inauguram grupos de jovens ligados a igrejas evangélicas envergando uniformes e desfilando com atitudes militares.

O que é isso que tomou conta do planeta? Loucura? Paranoia?
Na verdade não consigo simplesmente condenar, ou como diz um amigo: “Não posso entoar: “Se eu fosse D’us faria melhor”.

Penso que isso tudo deve corresponder a algo com um sentido, parte de um processo. Por não entendê-lo não posso julgá-lo, condená-lo e debitá-lo na conta da “maldade dos homens”. Ouso pensar (talvez por uma angústia de encontrar sentido) que tudo isso corresponde a uma etapa humana, inserida em um fluxo mais amplo. Algo que valeria então a pena ser encarado a partir de um enfoque mais amplo.

Heiddeger diz: “Chegamos tarde demais para os deuses e cedo demais para o Ser”. Assim este quadro planetário poderia ser traduzido da seguinte maneira: estamos saindo da “infância humana”, onde gurus, mamães e papais, dirigentes, legisladores e autoridades (nossos “deuses”) – alguns escolhidos, que sabiam mais que todos outros – determinavam as direções, posturas e caminhos a serem seguidos.

Estamos então numa saída da infância e entrando na “adolescência planetária” que se apresenta com as evidentes atitudes correspondentes.

Instaurou-se a adolescência grupal humana no planeta, com características positivas onde a criatividade é expoente, mas junto com elas muitas das características negativas da adolescência. Ou seja: a fase onde burlar as leis, desafiar a ética, a estética e os costumes é a tônica. Onde algumas das perguntas portadas por adolescentes: “Até onde podemos ir em termos de comportamentos?, De maus tratos? De descaso com os demais? Quais os nossos limites? Posso fazer qualquer coisa? A qualquer tempo e lugar? Posso roubar? Matar? Enganar? Quem vai me parar?

Sair da infância pode ser traduzido como desvencilhar-se dos antolhos do “nunca” e do “sempre”. Do “nunca faça isso” ou do “sempre faça isso”. Sair da infância é ser capaz de discernir o “que” fazer, “quando” fazer, “como” fazer, “onde” fazer, “com quem” fazer. Atitudes que requerem crescimento e maturidade.

Para o crescimento como seres humanos devemos passar a saber discernir e nos direcionar a partir de nós mesmos, de nossa própria capacidade de escolhas e responsabilidades. Fundamental saber nos encontrar com uma ética que provenha de nossa humanidade mais essencial. Que tenha fundamento em nosso interior e não em exaltados e reverenciados discursos de gurus externos.
Estamos sendo chamados a crescer, evoluir, sair de regras pré-determinadas e generalizadas para o saber eleger, escolher, discernir a cada momento o que é adequado ou não àquele momento e situação.

Não somos uma humanidade homogênea, com conceitos hegemônicos. As diferentes raças, origens, culturas e vivências determinam uma heterogeneidade de olhares e percepções, posturas e atitudes.
Penso que é necessário rever nossa tendência à competição onde alguém ou algo deve prevalecer. Onde há o enaltecimento de um padrão que conduz quase sempre a uma hierarquização seguida de exclusão, característica esta que nos é inculcada desde o jardim de infância.

Percebo ao longe um alvorecer de acolhimento de nossas heterogeneidades, dessas nossas diversidades. Percebo um surgimento de GRUPOS VERDADEIROS. GRUPOS VERDADEIROS são aqueles que têm focos gerais comuns, mas é formados por pessoas com diversidade de origem, percurso, formação, raça, credo e gênero. São grupos com capacidade de valorizar e integrar as experiências e culturas de cada um dos seus componentes São grupos que compõem e trazem à luz resultados criativos, novos, e os oferecem ao mundo.

É essa luz que percebo no horizonte.

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