terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Poder Criador

O Poder Criador

Paulo Freire : “ O mundo não é, o mundo está sendo”

Vivemos sob a hipnose de que os acontecimentos e eventos não dependem de nós, que a realidade é inexorável, que a possível intervenção sobre ela se dá por caminhos já conhecidos (políticos, revolucionários, reivindicatórios, intervencionistas, reformistas, etc.). Desconhecemos, sobre tudo na prática, nossa capacidade de criar a realidade, e por outro lado não percebemos como estamos imersos em uma atmosfera educacional e cultural que limita e condiciona nossa percepção, e portanto, nossa ação sobre a realidade. Simplesmente gostamos ou não gostamos de determinadas coisas, as aprovamos ou não, isto porque se encaixam ou não em nossas teorias, idéias e princípios, sempre colhidos de uma fatia da realidade. Raramente nos abrimos para o que está a nossa frente, quase nunca nos permitimos experimentar, já que no experimentar corremos o risco do ridículo, do desconcerto, do estranhamento e outras desconfortantes sensações. Estamos quase sempre comparando o que nos cerca com o que já sabemos.
De fato o “original” é inicialmente considerado “louco” ou “infantil”. A atitude criadora é fundamental, e não é necessariamente, à primeira vista, espetacular. Pode ser discreta, incompreensível, pequena, mas o aspecto mais marcante é seu sabor. A sensação é de amplificação interna. O que é sempre acompanhada de um “sorriso da alma”.
É necessário perceber que criamos realidades em grupo, em conjunto. O que acreditamos existir, multiplicado por muitos e repetido por algum tempo passa a ser realidade, ou melhor, passa a existir em um nível tangível pelo grupo que nelas acreditam. As realidades necessitam reforço constante para existirem. Requerem alimento e “renovação de votos”. A mudança de realidade não funciona por mero capricho. Ao nível individual não é um “por que eu quero” que mudará as coisas, tem que vir de um ponto mais íntimo do ser. Tem que ter um gosto de desejo intenso, fervoroso, como o desejo que as crianças vivem. Tem que ter um sabor de “eu mereço”, “eu acho justo”, não em uma avaliação e construção intelectual, mas envolvendo a emoção, ou em outras palavras, com a alma acesa. Há que haver uma sensação de que o desejo estará em paz com as muitas outras partes de mim.
Esta postura vivida desta forma e conjugada em grupo é poderosa. É capaz de criar as realidades que desejamos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário