quarta-feira, 1 de novembro de 2017

O poeta, o palhaço e o dançarino


Dançarino ao palhaço: Por que você não se muda aqui pra casa? Tá separando? E aí? Difícil a convivência, isso eu conheço. Antes que vocês se estapeiem. Dá um tempo, respira, ou melhor  vem respirar mais tranquilamente por um tempo aqui em casa.
----------
Não, não vai atrapalhar. A gente arruma sempre um espaço.
                                                               ------
Dançarino ao Poeta: Que você acha de me ajudar a escrever uma peça que  comecei  mas acabei me enrolando e acho que uma parceria ia me ajudar bastante.

Aí ele me respondeu: quando é que agente começa?

Sai dessa cidade infernal cinzenta que pensa em trabalho mas promove a solidão. Um São Paulo liberal mas que aprisiona. Vem pro Rio mais solar, natural, de praia, etc e tal.

O Poeta, O Palhaço e O Dançarino

Dentro da casa
Um se encolhe
O outro se expande
Um é silencioso o outro tonitroante

Um de manhã se debruça sobre sua comidinha.
O outro se arrisca na tapioca
O café circula pelas seis mãos,
Já o suco o faço eu.

A louça louca se deixa esfregar nas mãos do poeta
Que com esse gesto paga sua ausência de outros afazeres
Sem açúcar o poeta e eu,
Mas o palhaço de doce se lambuza 

Traz o poeta o amendoim que com ovos cozidos e bananas se farta
O dançarino traz encomendas do supermercado
O palhaço é sempre surpresa.

Dos afetos que os cercam:
O palhaço apaixonado
O poeta estabilizado
E o dançarino a espera de um chamado.

Três maduros num apê
Construções contínuas, tudo em andamento.

Lá não falta inspiração contradição e ampliação

Nenhum comentário:

Postar um comentário