Nossa Possível Plasticidade
O ser humano é dinâmico e plástico, e
toma as formas necessárias a cada momento para relacionar-se com o que se
apresenta, ou o que ele escolhe para se relacionar. Vide as crianças pequenas!
No plano da manifestação o corpo
humano apresenta esta plasticidade através de movimentos, pulsações, respirações,
voz e olhares, gerando formas no mundo, tangíveis aos sentidos.
De onde vêem estas formas?
São estruturas energéticas, geradas pela combinação
de idéias (estruturas mentais), emoções, e ações que convergem (ou deveriam
convergir) para cada situação. Uma vez a situação resolvida – completada a
questão – a pessoa deveria poder voltar a uma plástica de descanso,
esvaziamento (ou de menor esforço), e estar pronto para a situação seguinte.
Porém....
Uma simples observação das expressões
dos corpos torna evidente que estes perdem grande parte de sua plasticidade com
o passar do tempo, com a idade, e acabam por apresentar acumulo de “resíduos” provenientes
de situações “não completadas”, não resolvidas de maneira total. Estes resíduos
se apresentam como rigidez ou falta de tônus e movimentações mecânicas que
caracterizam as pessoas através da expressão: “é o jeito de fulano”.
As situações não completadas (grande
medo, raiva, desejo, tristeza, alegria, não expressos de forma total, portanto
não chegando a um descanso) se mantêm à espera de resolução, e “constroem/produzem”
uma estrutura - como o nó que se dá na gravata para mais a frente lembrar-nos
de algo a ser resolvido. Se, com o passar do tempo, estes nós não forem resolvidos,
estes se tornam crônicos, e passam a “fazer parte” da pessoa como uma de suas “características/jeitos”.
Outra maneira de formar um resíduo é:
uma vez resolvido algo com sucesso através de uma forma, esta forma é adotada, imposta,
e estendida na busca de resolução para outras situações. Esta resolução, não sendo
a mais adequada, provoca constantes “efeitos colaterais”. Estes últimos são
muitas vezes incorporados como inevitáveis sob a forma: “é assim mesmo” ou “é a culpa
dos outros”.
Com a perda da plasticidade energética,
há uma perda da potência de resolução
pois parte da energia da pessoa é
gasta na manutenção de uma “pose” (resíduos) correspondente a um determinado
estado mental e emocional. Quanto mais resíduos, mais gastos energéticos, menos
potência.
Quando pensamos no
relacionamento, na interação entre as pessoas, podemos constatar que se estas
são realizadas a partir das plásticas de descanso - para cada situação uma nova
ação - haverá expressões criativas que surpreenderão os próprios inter-atores.
No caso de interações realizadas a partir dos resíduos, estas expressões
resultantes serão uma seqüência de reatividades e mesmices. Após certo tempo
estas expressões se tornarão esperadas, “conhecidas”, repetitivas, confundidas
com nossa identidade (eu sou assim...).
E as relações? Inevitavelmente ........desgastadas.
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