quarta-feira, 29 de novembro de 2017
quem é essa?
Como não?
Como nem
Como é?
é verdade
é na tarde ou
no começo
é no caroço
é na moça
um pé na poça
é no seco
é na peça
na virtude
na atitude
é na pressa
a ver na festa
na fresta
mas quem é essa?
sempre assim
é sempre assim é sempre como sempre
é sempre como nunca
é sim é assim
pesa, mas eu sigo, pesa mas eu sinto
pés na terra
pés que têm calor
pés que querem terra
que querem chão.
que querem agarrar
que tem garra que tem sim que tem assim
então vem que é assim
vem sem reticencias sem penitências
vem porque é agora
porque é a hora
vem porque sim...
sempre
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
O poeta, o palhaço e o dançarino
Dançarino ao palhaço: Por
que você não se muda aqui pra casa? Tá separando? E aí? Difícil a convivência,
isso eu conheço. Antes que vocês se estapeiem. Dá um tempo, respira, ou melhor vem respirar mais tranquilamente por um tempo
aqui em casa.
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Não, não vai
atrapalhar. A gente arruma sempre um espaço.
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Dançarino ao Poeta: Que
você acha de me ajudar a escrever uma peça que
comecei mas acabei me enrolando e
acho que uma parceria ia me ajudar bastante.
Aí ele me respondeu:
quando é que agente começa?
Sai dessa cidade
infernal cinzenta que pensa em trabalho mas promove a solidão. Um São Paulo liberal
mas que aprisiona. Vem pro Rio mais solar, natural, de praia, etc e tal.
O Poeta, O Palhaço e O Dançarino
Dentro da casa
Um se encolhe
O outro se expande
Um é silencioso o
outro tonitroante
Um de manhã se debruça sobre sua comidinha.
O outro se arrisca na tapioca
O café circula pelas
seis mãos,
Já o suco o faço eu.
A louça louca se deixa
esfregar nas mãos do poeta
Que com esse gesto paga
sua ausência de outros afazeres
Sem açúcar o poeta e
eu,
Mas o palhaço de doce se lambuza
Traz o poeta o
amendoim que com ovos cozidos e bananas se farta
O dançarino traz
encomendas do supermercado
O palhaço é sempre surpresa.
Dos afetos que os
cercam:
O palhaço apaixonado
O poeta estabilizado
E o dançarino a espera de um chamado.
Três maduros num apê
Construções contínuas,
tudo em andamento.
Lá não falta inspiração
contradição e ampliação
terça-feira, 17 de outubro de 2017
tem um louco
Tem um louco tem um
espaço tem uma ânsia tem uma voz tem um desejo.
Tem uma pergunta tem uma
respiração tem um vazio.
Tem um espelho tem
essas pessoas.
Tem um retrato.
Tem silêncios tranquilos outros angustiados
Tem
um desejo imenso como um lago
um oceano uma janela aberta uma resposta que chegará
um oceano uma janela aberta uma resposta que chegará
Tem respostas que nunca responderão as perguntas que não sei fazer.
Mas eu sei que tem!
Depois derrama-se um céu uma luz um clarão que cega que segue
que sim que não sine qua non.
Um filme uma cena um não e um seu um seu que
quero meu.
Responde responde
responde
Pondera pantera que
come meu fígado
Finge que não sou eu
finge que não quero
finge que tem
finge que não quero
finge que tem
Finge que quer
Quimera
mera saudade da de dez da de mil da de Deus
mera saudade da de dez da de mil da de Deus
Da de dedo na cara na vontade na vã tarde.
Acorda a corda lançada
lã saltada
Aquece esquece fenece
Fé nessa presença
É terna.
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
SHAZAM
sensação de despropósito
agonia de fundo
necessidade de pertencer
ser desejado
lembrado
perguntado, e ser chamado
lembrado
perguntado, e ser chamado
interesse
me envolvendo
Incitando e propondo,
no encontro com sorrisos e quereres
SHAZAM!!!
SHAZAM!!!
propulsionado
farei transformações monumentais
Arrasarei continentes
criativo e alegre
criativo e alegre
forte impetuoso e
ousado.
Conquistarei o
inimaginável
................
Simples assim.
Simples assim.
Travessia
Evidencia-se do modo doloroso, porém notável, que não há mais líderes, guias, gurus, lemas, siglas ou partidos aos quais se possa aderir, submeter e se deixar conduzir. Há uma exigência de mudanças profundas, revolucionárias. Não são revoluções dessas externas, com conflitos armados polarizados em lados antagônicos. Trata-se da (r)evolução das formas de se colocar na vida.
As tragédias e perturbações atuais que nos envolvem em dimensões planetárias, assim como as tensões políticas, econômicas, as conturbações éticas e sociais, além do pacote de doenças que estão se apresentando no mundo, não são causas a serem combatidas. São sintomas de uma enorme intensidade energética que nos envolve como humanidade.
Já não é mais possível viver dentro dos parâmetros habituais modulados por uma educação que há muito caducou. O "input" energético que está se estabelecendo no planeta está exigindo uma capacidade de compreensão, de profundo conhecimento de si mesmo, de grande permeabilidade e uma enorme dose de humildade. Estes são elementos que não têm feito parte da grade curricular formal.
Algumas dessas transformações já estão sendo captadas, desenvolvidas e aplicadas por uma geração jovem, pioneira que deve ser escutada. Percebo um agudo chamado para absorver e integrar esses novos posicionamentos e atitudes.
Cada um de nós está sendo convidado a ser dinâmico, flexível e assertivo nos olhares, posturas e ações. O convite (COMPULSÓRIO) implica em reconhecer e dialogar dinamicamente com aqueles a quem chamamos de "outros" em suas diversidades. Há uma necessidade de nos postar em atitudes diferentes daquelas de preconceito, rejeição e obscurantismo. Estas são meras ilusões e ineficazes proteções com relação a inexorável mudança e exigência de uma consciência mais ampla e profunda.
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
Sobre essa expressão: "meu verdadeiro eu".
Escuto pessoas que insistem nessa expressão: "preciso encontrar meu verdadeiro eu" querendo expressar algo profundo. No entanto penso que todos os "eus" exercidos são verdadeiros. Cada um deles cumpre uma função.
Há uns "eus" mais queridos que outros. Há uns eus que são perseguidos, esses que se deseja muito exercer. Como eles existem os "eus" que nos impomos. Todos esses ficam sob a chancela do:"tenho que ser".
Há uns "eus" repelidos e depreciados. Há uns "eus" dos quais se quer fugir que ficam debaixo da etiqueta do "não posso ser".
Por outro lado há uns "eus" que se crê ser.
Há ainda aqueles "eus" invisíveis para nós, e que só os outros vêem.
Há momentos em que fazemos algo que nos surpreende, onde um dos "eus" ignorados ou exilados toma a frente nossa, assume momentaneamente o controle, e então dizemos: "gente me desculpem, mas não era eu".
Importante reconhecer como cada "eu" é uma forma de traduzir uma necessidade nossa, um desejo nosso.
Em vez de buscar o eu verdadeiro, talvez a grande aventura é ter consciência de todos os "eus" que se expressam através de mim.
Cada eu tem uma forma, uma música, gestos, movimentos, olhares e respirações próprias.
Minha alma, minha essência, meu self, ou o nome que queiramos dar, busca a maneira mais adequada e própria de se expressar no mundo, naquele momento, naquele lugar, naquele contexto. Isso requer flexibilidade permeabilidade e despir-se de preconceitos sobretudo de que existe um "eu verdadeiro".
segunda-feira, 7 de agosto de 2017
É A COMPLACÊNCIA...
Toda essa corrupção, desgovernos, preconceitos, enfim esse lixo que vemos nos noticiários está gritante diante de nossos olhos. Estamos chocados. Vale apena refletir.
Se veio á superfície é por que está saindo do esconderijo onde esteve por muito tempo. Portanto estamos vivendo um tempo de claridade e não de obscurantismo.
Dói muito ver na luz tanta porcaria vindo à tona em vulcânica erupção de dimensões planetárias. Esse podre que esteve escondido por tanto tempo se apresenta aos olhos de todos nós.
Uma faxina só se dá tornando visível o lixo. O que parece que assusta e espanta não são exatamente os fatos, mas a quantidade.
Mas temos que respirar, e ir limpando, não com gritos e lamentos, mas com exemplos e ações pessoais e grupais onde estivermos. Grandes movimentos abrangentes nesse momento não me parecem possíveis.
Penso que aparece uma dimensão de nossa complacência, eu diria histórica. É o que está se evidenciando. Uma complacência tão ampla que tem sabor de conivência.
Mas vamos que vamos!
quinta-feira, 27 de julho de 2017
Interações silenciosas
Recordo-me da relação com meu pai. conversávamos pouco, e quando o fazíamos eram monólogos de meu pai referindo-se frequentemente a seu próprio pai, meu avô, que não conheci.
Durante muito tempo reclamei, sofri, acho que justamente da falta de diálogo, de compreensão, de escuta de meu pai com relação ao que se passava comigo. Eu simplesmente não sabia enunciar meus sentimentos porque não escutava dele nada que não fosse objetivo formal, concreto. Meu pai expunha sua visão de mundo isenta de sentimentos ou emoções. Pelo menos não os expunha facilmente.
Esse não dito, esse não falado me fez buscar ansiosamente âmbitos onde havia lágrimas, desconfortos, entusiasmos, paixões. Os encontrei na arte e nas terapias.
Passaram-se muitos anos e hoje penso que, se de fato, não tínhamos conversas com palavras tínhamos silêncios compartilhados, interações silenciosas. Estes silêncios hoje estão profundamente presentes na minha memória.
Lembro dos passeios mudos que fazíamos em lugares no campo, caminhando em silêncios. Outros onde compartilhávamos momentos diante de objetos sendo concertados na sua pequena oficina. Ele gostava que eu estivesse ali e eu gostava de vê-lo manusear as ferramentas. Ás vezes algumas palavras eram entoadas mas que ressoam na minha memória como murmúrios inaudíveis.
Percebo hoje que nesses momentos, nessas interações silenciosas estabelecíamos uma troca, um fluxo um intercambio de presenças. Percebo hoje que com algumas pessoas, em alguns lugares, em alguns momentos estabelecem-se interações silenciosas. Muito é trocado nestes momentos.
Quantas pessoas apreciam momentos em que estão presentes uns ao lado de outros, às vezes em ambientes contíguos e nem uma só palavra é trocada. No entanto as almas sorriem e se alimentam mutuamente pelo simples saber que o outro está lá.
segunda-feira, 17 de julho de 2017
estes tempos...
Ter dúvidas, perceber a dinâmica e imprevisibilidade dos eventos, a importância das diversidades, tudo isso deveria propiciar uma redução do conservadorismo e fundamentalismo.
Há um chamado contundente a estarmos despertos e presentes.
Existe no entanto uma multidão de pessoas que parecem imunes a isso. Encolhem-se em suas certezas,regras e normas e acabam produzindo as desgraças assombrosas que nos cercam. Há um grande grupo que teme os inevitáveis e fundamentais inesperados que regem nosso tempo. Estes inesperados são exatamente os catalizadores das transformações que estão se pondo em curso por todas partes.
quinta-feira, 6 de julho de 2017
BEM-VINDO uma “apresentação passaporte”
BEM-VINDO é uma “apresentação passaporte” que propõe atravessar essas fronteiras que nos dividem em países, partidos, ideologias e... indivíduos distanciados.
BEM VINDO é uma apresentação cujo “carimbo no passaporte” é um sorriso, uma moeda ou um abraço.
BEM VINDO é um convite e um olhar que abre espaços, desmancha desconfianças, resgata almas cansadas de isolamentos e separações.
BEM VINDO refresca almas esgotadas dos conflitos diários onde nunca há vencedores, mas traz a GRAÇA onde, esta sim vence as dores.
Richard oferece o coração. Atravessa oceanos e se lança a recordar que somos todos visitantes provisórios de lugares por um breve tempo.
A figura do PALHAÇO está a serviço do acolhimento de nossas fragilidades, tropeços, incapacidades, belezas, ternuras e pedidos.
O PALHAÇO propõe a dissolução de nossa arrogância com a qual temos a ilusão de nos proteger. Uma ilusão que nos custa a saúde, e sobretudo, as oportunidades de ENCONTROS.
São inicialmente ENCONTROS com partes nossas menos visitadas, para em seguida nos dar o "visto de entrada" para verdadeiros encontros com o... MUNDO.
Michel Robim
Meu corpo entregue à musa Jocy
Quando Jocy começou em minha vida? Não lembro bem. Ela não é uma pessoa de datas ela é uma pessoa de arte, de realizações e de uma firmeza impressionantes. Ela não é cronológica. Ela é foco, proposição.
Minha contribuição para os trabalhos de Jocy foi, sobretudo, meu trajeto no campo do corpo, da dança. Da combinação de dança contemporânea, clássica, moderna e de expressão corporal. Meu percurso no teatro também se ofereceu aos trabalhos multimídia de Jocy. Essas foram minhas moedas de troca artística.
Talvez o que de Jocy está mais presente em mim é seu olhar penetrante. Muitas vezes quase assustador de sério. Um motor de criatividade.
São diversas memórias de trabalhos. MAM (Museu de Arte Moderna do Rio), Estádio de remo da Lagoa, Teatro Municipal de São Paulo...,e CCBB (Centro Cultural do Banco do Brasil) com INORI. Fora esses exemplos de espaços públicos, há os outros, mais aconchegantes que se desdobravam em encontros e longas conversas em sua casa para a troca de ideias, para falar e experimentar...e devanear.
Sua ousadia andava quilômetros à minha frente. Eu às vezes só conseguia compreender verdadeiramente suas propostas depois de um tempo. Entre temores e excitação eu acabava seduzido por suas ideias.
Em INORI, por exemplo, havia uma cena onde eu me apresentava completamente nu no palco. Sinceramente, apenas Jocy para me convencer a me expor desta maneira.
O pior foi quando para realizarmos o vídeo de INORI fomos a uma praia situada num centro militar onde era necessário gravar complementos para as cenas registradas no palco. Era fundamental que eu me despisse para dar continuidade ao vídeo a ser montado.
E a vergonha? Ali estava eu, exposto aos olhos dos soldados que faziam a guarda. Constrangedor é uma palavra amena para descrever a sensação que vivi. Mas heroicamente cumpri a missão
.
O mais importante é que todos esses movimentos, todos esses trabalhos tinham sabor de aventura e proporcionaram encontros e trocas com gente interessantíssima e talentosa.
Ah! A música! Fui mergulhado, engolfado em um ambiente musical concreto e experimental. Eram instrumentistas talentosos e vários cantores magníficos: sopranos, contraltos, barítonos, baixos, todos projetados em cenários e luzes que se misturavam a minha volta. Impossível não mencionar as cantoras escolhidas, donas de vozes que alcançavam notas que aos meus ouvidos pareciam quase impossíveis para a voz humana. Sim, porque Jocy não deixava nada por pouco. Não só essas artistas cantavam, mas se arriscavam, impulsionadas por Jocy a se colocarem em posturas corporais inusitadas.
Todos nós fomos envolvidos por sua música, pelas suas cores, sons e luzes. Elementos que impregnam a alma de Jocy, que as traduz em obras inesquecíveis. São lembranças luminosas que geram um agradecimento profundo a essa Artista que está impressa, não apenas em minhas memórias mas em meu sangue de dançarino. Por isso tudo sou grato, imensamente grato!
Michel Robim
segunda-feira, 26 de junho de 2017
Agora
Agora
Depois que a gente se
afastou
Passei a ver você de
outras formas
Passei pela tristeza, pelo desprezo, pela ironia, pela incompreensão, pelo tanto faz
Mas...
Te digo algo
Gosto de você mais Agora do que antes.
Agora incluo mais percepções
de você.
E aqueles aspectos
humanos por vezes menos festejados
Como rugas, celulites,
barriguinha e mau humor.
torcidas de nariz, até
mesmo as incompreensões.
Agora posso ver você
sem as roupas com as quais meus olhos te vestiam
Ficar mais longe
me fez chegar mais
perto da pessoa que você é
e descobrir que o amor
pode dar mais tesão do que a paixão.segunda-feira, 29 de maio de 2017
meu aniversário
Meu aniversário
...depois escutei Ode à Alegria de Beethoven, depois dancei Danúbio Azul de Strauss, depois tomei café da manhã, depois observei o trabalho insano de umas formigas, depois passeei no meio do mato, depois me banhei em água corrente, depois escutei histórias policiais e misteriosas, depois tomei um banho de espuma, depois comi no Alvorada, depois ganhei um piãozinho lindo de madeira, depois dormi, aí...,depois tive um outro café da manhã, depois passeei com descobertas de caminhos e lugares novos, depois assisti um filme ótimo, depois voltei pra casa, com muitas saudades.
...depois escutei Ode à Alegria de Beethoven, depois dancei Danúbio Azul de Strauss, depois tomei café da manhã, depois observei o trabalho insano de umas formigas, depois passeei no meio do mato, depois me banhei em água corrente, depois escutei histórias policiais e misteriosas, depois tomei um banho de espuma, depois comi no Alvorada, depois ganhei um piãozinho lindo de madeira, depois dormi, aí...,depois tive um outro café da manhã, depois passeei com descobertas de caminhos e lugares novos, depois assisti um filme ótimo, depois voltei pra casa, com muitas saudades.
terça-feira, 18 de abril de 2017
um olhar contemporâneo
Conversando com meu filho,
Estamos de acordo que pessoas com um mínimo de clareza e consciência diante do mundo de hoje percebem a incrível dinâmica que se estabeleceu no mundo. Um mundo que necessita inclusão da diversidade, de estar prontos e disponíveis para mudanças constantes de posturas, de olhares, de opinião, de rumos.
São pessoas que sabem que as definições neste momento devem ser cuidadosas e quando enunciadas devem ser enunciadas de forma provisória. Sabem que as transformações diárias tornaram-se parte integrante do mundo. Exigem consciência e posturas despertas. Chamemos estas pessoas de Presentes.
Por outro lado os conservadores de esquerda nas oportunidades que tiveram de estar no poder se cegaram à luz desse poder, se perderam e se lambuzaram em desvios e falcatruas.
Os de direita diante da derrocada da esquerda e do aspecto caótico do imprevisível e ansiedade reinantes apresentam-se como salvadores da pátria com soluções de contornos rígidos fomentando a ilusão de que isso resolverá as questões que se apresentam. Têm tudo pronto nos manuais que agitam. Isso agrupa multidões ansiosas e os faz surgir fortes e agrupados.
Os Presentes, (na verdade muito maiores em número) por uma mera questão de inteligência, mas portando e confessando as muitas dúvidas e incertezas, tem dificuldades de se reunir em torno de alguma posição enunciável com contornos definidos. Torna-se mais complicado formarem forças coesas em torno de lemas, enunciados e bandeiras.
Por outro lado os conservadores de esquerda nas oportunidades que tiveram de estar no poder se cegaram à luz desse poder, se perderam e se lambuzaram em desvios e falcatruas.
Os de direita diante da derrocada da esquerda e do aspecto caótico do imprevisível e ansiedade reinantes apresentam-se como salvadores da pátria com soluções de contornos rígidos fomentando a ilusão de que isso resolverá as questões que se apresentam. Têm tudo pronto nos manuais que agitam. Isso agrupa multidões ansiosas e os faz surgir fortes e agrupados.
Os Presentes, (na verdade muito maiores em número) por uma mera questão de inteligência, mas portando e confessando as muitas dúvidas e incertezas, tem dificuldades de se reunir em torno de alguma posição enunciável com contornos definidos. Torna-se mais complicado formarem forças coesas em torno de lemas, enunciados e bandeiras.
É um tempo difícil que requer paciência. A rigidez não suporta a Vida e acabará desabando diante de sua força. Até lá firmemo-nos na Vida que é movimento e transformação, e portanto propicia esperança.
Saudades de Casa
Tenho vontade de te abraçar
Assim, nós dois nus, de pé, frente a frente
olhar nos olhos, depois fecha-los
olhar nos olhos, depois fecha-los
Sentir o teu cheiro,
esfregar os rostos, o nariz no teu pescoço, no teu cabelo.
Passar as mãos na tuas
costas.
Te apertar
Agarrar
Te virar e te agarrar pelas
costas e passar as mãos nos teus seios.
Senti-los nas minhas
mãos em concha.
Passar as mãos pelos
teus cabelos.
Gemer murmurar
Cantar
Dizer coisas gostosas
no teu ouvido
Pegar nas tuas coxas, no teu sexo
Na tua bunda
Te arranhar...
Enfim... estar em casa.sexta-feira, 14 de abril de 2017
Cama e mesa
Penso, que estranho...
Para realizar certas coisas mais difíceis tenho que estar "mal"?
É assim que posso realizar coisas que não faria se estivesse "bem"?
Percebo que por vezes estar "mal" me obriga a tirar o pau da exclusividade da cama
E por o pau na mesa!
sexta-feira, 7 de abril de 2017
tristeza em transito
È tanta tristeza que
subitamente minha criança toma conta e faz brotar o pedido
Mãe me ajuda
Repito baixinho várias
vezes tirando do baú do coração a frase coberta de poeira e vergonha:
"Mãe me ajuda...”
Uma vez ,
Outra vez...
E a frase vai se tornando intensa ,
Tão real que a
vergonha some e a poeira do esquecimento se esvai
A criança se expõe total e as lágrimas escorrem abundantes
Não me recordo de
tristeza tão forte
Minha fragilidade trepida diante de
pensamentos simples, de paisagens
banais, de diálogos displicentes, de meros tons de voz
O pedido de ajuda
retumba no peito
Minha garganta boba quer
controlar, mas a tristeza teima em saltar pelos olhos.
Em meu caminho na rua
me dou conta quer há uns que percebem essas quase lágrimas pedestres
São as que olham
e veem os outros
Segundos depois me escondo
entre aqueles que trafegam mergulhados no passado ou ensaiando futuros
Desejo queridos no meu
presente.
Quero que vejam minha
tristeza
Quero ser recebido,
acolhido, posto no colo.
Quero um cafuné macio
e feminino.
quarta-feira, 5 de abril de 2017
os diferentes
O triste é que uma pessoa passa a representar uma parcela de pessoas que deixaram de pensar e se reduziram a seus umbigos.Um bando de encolhidos que vêem qualquer diferente deles como ameaça . Acontece que como somos todos diferentes uns dos outros, um dia eles vão se estranhar tanto entre eles mesmos. Vão promover a eliminação de quem estiver na lista do diferente-da-hora que poderá ser "os de cabelo liso", "os de olhos verdes", "os de barriga grande", "os carecas", "os ciclistas", "os cantores", "os cabeleireiros", "os cozinheiros", e por aí irão...subitamente se mirarão no espelho e horrorizados se jogarão sobre si mesmos e comerão espelhos partidos.
sexta-feira, 17 de março de 2017
confession
- Tell me what happened?
- It happened. I was hipnotized and I fell in a trap. I am feeling lost now
- Why don't you confess what really happened ?
- I feel ashamed
- I see sadness all over you. But I am betting on your happiness. When I look at you I see a quite different person from the average ones. I say: believe on yourself! Let that feeling fall down Believe on you Believe in forgiveness Bet on your man. He is not a common man. He is an incredible man, and he has the guts and the proper matter to make great movements. I would invite you to embrace him. Believe on your love.
- I see sadness all over you. But I am betting on your happiness. When I look at you I see a quite different person from the average ones. I say: believe on yourself! Let that feeling fall down Believe on you Believe in forgiveness Bet on your man. He is not a common man. He is an incredible man, and he has the guts and the proper matter to make great movements. I would invite you to embrace him. Believe on your love.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017
TEMPO
T E M P O
um dia eu pensei, no dia seguinte dispensei
pensei em tempos
pensei em lugares,
Pensei em rostos, rasguei a alma
quem sabe colo cada pedaço e emendo no tempo?
tempo é solvente
tempo é anestésico
tempo é abraço
tempo é acolhimento
é sempre tempo
Importância
Importância
Morri algumas vezes nessa vida
Todas as vezes sobrevivi
Tento como muitos me suicidar de vez em quando
Mas me resgato
A salvação vem
Dessas pessoas que saem de lugares que reguei com a voz e olhares
Sorrisos e gestos
Em momentos que não me lembro
Nem preciso
Mas que umidificaram e aqueceram
A mim e aos outros que são sempre a mesma coisa
Tudo sem querer, sem intenção
e é aí que reside a preciosidade
Há mãos e olhos que me colhem agora
me aquecem e me erguem
me convidam
presenças por todos os lados
Um valor que eu não via ou dava importância
uma multidão que fiz invisível hoje salta aos olhos
Reconheço,
Simplesmente me mataram para que eu vivesse.
Morri algumas vezes nessa vida
Todas as vezes sobrevivi
Tento como muitos me suicidar de vez em quando
Mas me resgato
A salvação vem
Dessas pessoas que saem de lugares que reguei com a voz e olhares
Sorrisos e gestos
Em momentos que não me lembro
Nem preciso
Mas que umidificaram e aqueceram
A mim e aos outros que são sempre a mesma coisa
Tudo sem querer, sem intenção
e é aí que reside a preciosidade
Há mãos e olhos que me colhem agora
me aquecem e me erguem
me convidam
presenças por todos os lados
Um valor que eu não via ou dava importância
uma multidão que fiz invisível hoje salta aos olhos
Reconheço,
Simplesmente me mataram para que eu vivesse.
DESABAFO
DESABAFO
O mundo formal perdeu o respeito, a ética o brio, o brilho, a integridade.
É tempo de construir um mundo novo,
Sem alarde, sem "ser contra|"
Só a favor do que se acredita, simplesmente.
Sem gritos, com sussurros assertivos e com olhares transparentes,
Com sorrisos encorajadores. Em boa companhia
Incentivemo-nos uns aos outros
Divulguemos as construções, as criações, as proposições luminosas
Falar da merda tornou-se redundância, não inspira,
Pelo contrário
Só ajuda a propagar o mau cheiro
O mundo formal perdeu o respeito, a ética o brio, o brilho, a integridade.
É tempo de construir um mundo novo,
Sem alarde, sem "ser contra|"
Só a favor do que se acredita, simplesmente.
Sem gritos, com sussurros assertivos e com olhares transparentes,
Com sorrisos encorajadores. Em boa companhia
Incentivemo-nos uns aos outros
Divulguemos as construções, as criações, as proposições luminosas
Falar da merda tornou-se redundância, não inspira,
Pelo contrário
Só ajuda a propagar o mau cheiro
segunda-feira, 23 de janeiro de 2017
a quem interessar possa
A
quem interessar possa
Sei que posso
fazer você sorrir como pouca gente pode.
Sei que posso
fazer você se sentir protegida mesmo estando a quilômetros de distancia.
Sei que posso
massagear e tirar dores de você de um jeito que ninguém mais sabe fazer.
Sei que posso
fazer aqueles sanduiches noturnos que ninguém mais sabe fazer.
Sei que posso
fazer você sentir prazer como ninguém mais saberia fazer.
Talvez essas
coisas não sejam tudo que você deseja, mas dão uma luz na vida, não dão?
sexta-feira, 20 de janeiro de 2017
ANGUSTIA
Angustia
Então eu fugi
Me escondi entre minhas fantasias
De noite
Na meia luz
Entre os travesseiros
Fugi, fingi
As coxas não estavam lá
O calor, a textura, a respiração, não estavam
lá
Mas eu as inventava angustiado.
Apertado
O objeto de desejo era eu
E eu pedia mais
Porque eu já não era eu
Eu era os dois
Eu e você.
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