Dançarino ao palhaço: Por
que você não se muda aqui pra casa? Tá separando? E aí? Difícil a convivência,
isso eu conheço. Antes que vocês se estapeiem. Dá um tempo, respira, ou melhor vem respirar mais tranquilamente por um tempo
aqui em casa.
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Não, não vai
atrapalhar. A gente arruma sempre um espaço.
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Dançarino ao Poeta: Que
você acha de me ajudar a escrever uma peça que
comecei mas acabei me enrolando e
acho que uma parceria ia me ajudar bastante.
Aí ele me respondeu:
quando é que agente começa?
Sai dessa cidade
infernal cinzenta que pensa em trabalho mas promove a solidão. Um São Paulo liberal
mas que aprisiona. Vem pro Rio mais solar, natural, de praia, etc e tal.
O Poeta, O Palhaço e O Dançarino
Dentro da casa
Um se encolhe
O outro se expande
Um é silencioso o
outro tonitroante
Um de manhã se debruça sobre sua comidinha.
O outro se arrisca na tapioca
O café circula pelas
seis mãos,
Já o suco o faço eu.
A louça louca se deixa
esfregar nas mãos do poeta
Que com esse gesto paga
sua ausência de outros afazeres
Sem açúcar o poeta e
eu,
Mas o palhaço de doce se lambuza
Traz o poeta o
amendoim que com ovos cozidos e bananas se farta
O dançarino traz
encomendas do supermercado
O palhaço é sempre surpresa.
Dos afetos que os
cercam:
O palhaço apaixonado
O poeta estabilizado
E o dançarino a espera de um chamado.
Três maduros num apê
Construções contínuas,
tudo em andamento.
Lá não falta inspiração
contradição e ampliação
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