quarta-feira, 29 de novembro de 2017

sempre assim


é sempre assim é sempre como sempre
é sempre como nunca
é sim é assim
pesa, mas eu sigo, pesa mas eu sinto
pés na terra
pés que têm calor
pés que querem terra
que querem chão.
que querem agarrar
que tem garra que tem sim que tem assim
então vem que é assim
vem sem reticencias sem penitências
vem porque é agora
porque é a hora
vem porque sim...
sempre

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

O poeta, o palhaço e o dançarino


Dançarino ao palhaço: Por que você não se muda aqui pra casa? Tá separando? E aí? Difícil a convivência, isso eu conheço. Antes que vocês se estapeiem. Dá um tempo, respira, ou melhor  vem respirar mais tranquilamente por um tempo aqui em casa.
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Não, não vai atrapalhar. A gente arruma sempre um espaço.
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Dançarino ao Poeta: Que você acha de me ajudar a escrever uma peça que  comecei  mas acabei me enrolando e acho que uma parceria ia me ajudar bastante.

Aí ele me respondeu: quando é que agente começa?

Sai dessa cidade infernal cinzenta que pensa em trabalho mas promove a solidão. Um São Paulo liberal mas que aprisiona. Vem pro Rio mais solar, natural, de praia, etc e tal.

O Poeta, O Palhaço e O Dançarino

Dentro da casa
Um se encolhe
O outro se expande
Um é silencioso o outro tonitroante

Um de manhã se debruça sobre sua comidinha.
O outro se arrisca na tapioca
O café circula pelas seis mãos,
Já o suco o faço eu.

A louça louca se deixa esfregar nas mãos do poeta
Que com esse gesto paga sua ausência de outros afazeres
Sem açúcar o poeta e eu,
Mas o palhaço de doce se lambuza 

Traz o poeta o amendoim que com ovos cozidos e bananas se farta
O dançarino traz encomendas do supermercado
O palhaço é sempre surpresa.

Dos afetos que os cercam:
O palhaço apaixonado
O poeta estabilizado
E o dançarino a espera de um chamado.

Três maduros num apê
Construções contínuas, tudo em andamento.

Lá não falta inspiração contradição e ampliação

terça-feira, 17 de outubro de 2017

tem um louco

Tem um louco tem um espaço tem uma ânsia tem uma voz tem um desejo.
Tem uma pergunta tem uma respiração  tem um vazio.
Tem um espelho tem essas pessoas. 
Tem um retrato. 
Tem silêncios tranquilos outros angustiados 
Tem um desejo imenso como um lago
um oceano uma janela aberta uma resposta que chegará
Tem respostas que nunca responderão as perguntas que não sei fazer.
Mas eu sei que tem!
Depois derrama-se um céu uma luz um clarão que cega que segue que sim que não sine qua non.
Um filme uma cena um não e um seu um seu que quero meu.
Responde responde responde
Pondera pantera que come meu fígado
Finge que não sou eu
finge que não quero
 finge que tem
Finge que quer
Quimera
 mera saudade da de dez da de mil da de Deus
Da de dedo na cara na vontade na vã tarde.

Acorda a corda lançada lã saltada
Aquece esquece fenece
Fé nessa presença
É terna.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

SHAZAM






sensação de despropósito
agonia de fundo
necessidade de pertencer 
ser desejado
lembrado
perguntado, e ser chamado
interesse me envolvendo
Incitando e propondo,
no encontro com sorrisos e quereres

SHAZAM!!!

propulsionado farei transformações monumentais 
Arrasarei continentes
criativo e alegre
forte impetuoso e ousado.
Conquistarei o inimaginável
................
Simples assim.


Travessia


Evidencia-se do modo doloroso, porém notável, que não há mais líderes, guias, gurus, lemas, siglas ou partidos aos quais se possa aderir, submeter e se deixar conduzir. Há uma exigência de mudanças profundas, revolucionárias. Não são revoluções dessas externas, com conflitos armados polarizados em lados antagônicos. Trata-se da (r)evolução das formas de se colocar na vida.

As tragédias e perturbações atuais que nos envolvem em dimensões planetárias, assim como as tensões políticas, econômicas, as conturbações éticas e sociais, além do pacote de doenças que estão se apresentando no mundo, não são causas a serem combatidas. São sintomas de uma enorme  intensidade energética que nos envolve como humanidade.

Já não é mais possível viver dentro dos parâmetros habituais modulados por uma educação que há muito caducou. O "input" energético que está se estabelecendo no planeta está exigindo uma capacidade de compreensão, de profundo conhecimento de si mesmo, de grande permeabilidade e uma enorme dose de humildade. Estes são elementos que não têm feito parte da grade curricular formal.

Algumas dessas transformações já estão sendo captadas, desenvolvidas e aplicadas por uma geração jovem, pioneira que deve ser escutada. Percebo um agudo chamado para absorver e integrar esses novos posicionamentos e atitudes. 

Cada um de nós está sendo convidado a ser dinâmico, flexível e assertivo nos olhares, posturas e ações. O convite (COMPULSÓRIO) implica  em reconhecer e dialogar dinamicamente com aqueles a quem chamamos de "outros" em suas diversidades. Há uma necessidade de nos postar em atitudes diferentes daquelas de preconceito, rejeição e obscurantismo. Estas são meras ilusões e ineficazes proteções com relação a inexorável mudança e exigência de uma consciência mais ampla e profunda.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Sobre essa expressão: "meu verdadeiro eu".


Escuto pessoas que insistem nessa expressão: "preciso encontrar meu verdadeiro eu" querendo expressar algo profundo. No entanto penso que todos os "eus" exercidos são verdadeiros. Cada um deles cumpre uma função.
Há uns "eus" mais queridos que outros. Há uns eus que são perseguidos, esses que se deseja muito exercer. Como eles existem os "eus" que nos impomos. Todos esses ficam sob a chancela do:"tenho que ser".
 Há uns "eus" repelidos e depreciados. Há uns "eus" dos quais se quer fugir que ficam debaixo da etiqueta do "não posso ser".
Por outro lado há uns "eus" que se crê ser.
Há ainda aqueles "eus" invisíveis para nós, e que só os outros vêem.
Há momentos em que fazemos algo que nos surpreende, onde um dos "eus" ignorados ou exilados toma a frente  nossa, assume momentaneamente o controle, e então dizemos: "gente me desculpem, mas não era eu".
Importante reconhecer como cada "eu" é uma forma de traduzir uma necessidade nossa, um desejo nosso.
Em vez de buscar o eu verdadeiro, talvez a grande aventura é ter consciência de todos os "eus" que se expressam através de mim.
Cada eu tem uma forma, uma música, gestos, movimentos, olhares e respirações próprias.
Minha alma, minha essência, meu self, ou o nome que queiramos dar, busca a maneira mais adequada e própria de se expressar no mundo, naquele momento, naquele lugar, naquele contexto. Isso requer flexibilidade permeabilidade e despir-se de preconceitos sobretudo de que existe um "eu verdadeiro".

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

É A COMPLACÊNCIA...



Toda essa corrupção, desgovernos, preconceitos, enfim esse lixo que vemos nos noticiários está gritante diante de nossos olhos. Estamos chocados. Vale apena refletir.

Se veio á superfície é por que está saindo do esconderijo onde esteve por muito tempo. Portanto estamos vivendo um tempo de claridade e não de obscurantismo. 

Dói muito ver na luz tanta porcaria vindo à tona em vulcânica erupção de dimensões planetárias. Esse podre que esteve escondido por tanto tempo se apresenta aos olhos de todos nós

Uma faxina só se dá tornando visível o lixo. O que parece que assusta e espanta não são exatamente os fatos, mas a quantidade.

Mas temos que respirar, e ir limpando, não com gritos e lamentos, mas com exemplos e ações pessoais e grupais onde estivermos. Grandes movimentos abrangentes nesse momento não me parecem possíveis.

Penso que aparece uma dimensão de nossa complacência, eu diria histórica. É o que está se evidenciando. Uma complacência tão ampla que tem sabor de conivência.

Mas vamos que vamos!