Essas Festas
Fim de ano... amargura
Inventário...aperto. É possível olhar nos olhos?
Fiz o que fiz...é o bastante?
Os sonhos que prometi quantos cumpri?
Fim de que? Recomeço de que?
Cuspo e me revolto contra essa imposição social
Acuso-a
Derramo sobre ela minha indignação
Puro consumo!
E me consumo em acusações e filosofias
Mas reconheço, não é lá fora
É aqui dentro que a guerra se passa
Meu lado bom moço acusa o malvado
Mas os espelhos são duros
E me vejo por todos os lados
Quero uma pureza fantasiosa e inumana
Que termina por destroçar a criança que grita aqui dentro
E me faz sentir só
Então , para não mentir para mim mesmo
Não abandonarei minhas outras partes juradas de morte:
Minha inveja, meu egoísmo, minha raiva, minha preguiça,
Minha distração, minha ansiedade, e quem mais vier, quem
mais estiver
São todos pedaços de mim!
Não os deixarei soltos por aí
Abandonados, pois estes, desprezados
Revoltados, mal colocados, em tempo e lugar
Assaltam-me e derramam-se loucos
Produzem o que produzem
Com carinho os chamo e os escuto
Abro-me à dor que os produz e os faz brotar
Acolho-os com respeito
Um por um se confessam
E os deixo existir sob condições
Desta vez então mais bem colocados
Ordenados
Apropriados
Mantidos em dialogo apurado
Na lembrança de não mais exilá-los
Crio assim para mim novas possibilidades
De um NOVO ...
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