Diante deste conflito Israel/Palestina,
que de tempos em tempos se acirra e ocupa as manchetes, percebo que as inúmeras
explicações, análises e mesmo os conhecimentos históricos detalhados não
parecem ser capazes de levar a soluções. Muito ao contrário as explanações, os
relatos das tentativas, as frustrações explicadas e justificadas acabam criando
um “arquivo de informações” tão pesado
que se cria um bloqueio à capacidade de ver e/ou criar saídas.
A desconfiança tem muitos anos e
é temperada por interesses econômicos, políticos, militares, religiosos e históricos.
Uma mistura desses ingredientes fermentou e tornou-se fétida.
A mídia trem grande importância
nas construções das atmosferas de pensamento, e portanto das reações e
comportamentos. Se ela não exacerbasse as sensações de ameaças e perigos não
estaríamos nos armando “justificadamente” com foguetes, canhões, armas
nucleares e sei lá que mais.
Por outro lado, nossos disfarçados
e ocultos conflitos internos, nossos desejos diários, nos fazem tomar posições diante
desta guerra e demais conflitos a que somos expostos. Essas posturas e irradiações
emocionais angustiadas e agressivas que produzimos, multiplicadas por milhões constroem
“nuvens de ódio e medo”. Essas nuvens encontram sempre lugares propícios onde “precipitar
e chover”. Em outras palavras somos co-responsáveis pelo que sucede. Cada gesto,
sentimento e pensamento nosso aqui é avalista dos gatilhos acionados.
É tempo de nos dar conta disso e,
portanto, realizar outros tantos gestos nossos que possam germinar e produzir
paz, aqui e... lá.
É tempo de esvaziar-nos de nossas
reatividades e entre outras cosas reconhecer a beleza, vigor e inteligência de
cada uma das partes envolvidas.
Alguns trabalho que tenho feito
junto à comunidades e favelas me fizeram perceber o quanto é necessário a
presença de jovens nas buscas de soluções. Os assim veteranos envolvidos a
longo tempo nos processos, mesmo que sem rabos presos em termos políticos e ou econômicos,
perdem o frescor e sofrem freqüentemente do mal do: “eu já sei que isso não vai
dar certo”, “isso já foi tentado antes”, e outras frases equivalentes. Já os
jovens, sem tantos traumas, sem estarem envolvidos em tantas histórias, têm o
coração e mentes ainda conectados com a luminosidade das verdadeiras intenções e
com a capacidade ainda intactas de criar alternativas invisíveis aos olhos poluídos
pelos fatos históricos e pelas ideologias desgastadas.
È necessária, pois uma convocação
a todos os jovens, tanto palestinos quanto israelenses, e porque não de várias
partes do mundo para uma busca, de coração aberto para o encontro de saídas
para este conflito que se estende por décadas.
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