Depois de quase 40 anos sem pisar no palco como ator, Isaac (diretor da peça "Por Amor Ao Mundo, Encontros com Hannah Arendt) me convidou e eu aceitei participar. Com isso pude perceber minhas ancoras, meus vícios e limitações cotidianas, enfrentá-las e esforçar-me para ir além delas. Baixou-me a insegurança em múltiplas formas. (tipo: como essas pessoas me aceitam e confiam em mim? Eu vou estragar tudo.. Não estou a altura. e por aí vai) São desafios como decorar textos, marcações, entradas e saídas de cena, superar a tendencia a falar gesticulando demasiado... saber entrar na luz corretamente, enfim expor-me aos olhares do mundo em um lugar pouco frequentado. Sair do contexto a que tenho estado habituado nestes últimos anos (aulas e atendimentos), das "zonas de conforto". Ensaiar ao lado de feras de teatro. Escutar as críticas e acatá-las, tem sido fortes exercícios para o ego.
Enfim, ouso me apoiar no exemplo de Pablo Casals, que, quando perguntado, aos noventa e tantos anos (tenho menos que isso), porque continuava exercitando-se todos os dias em seu instrumento, ele respondeu: "Estou fazendo progressos..."
É isso, creio que estou fazendo progressos, como pessoa...