segunda-feira, 15 de julho de 2013

RELEMBRANDO

Posto aqui um texto de Luis Portela (através de uma amiga Maria Suzel) cujas referências estão ao final. Creio que expressa um ponto que deve ser mantido em mente / relembrado em todas as fases escolares e faixas etárias. Não é algo a ser ensinado, porque não se ensina o que faz parte de nossa alma, mas deve ser relembrado constantemente já que nossa maneira de viver nos faz amnésicos.

                                                                             HARMONIA

(O ser) Prefere realizar o seu percurso, concentrando a atenção naquilo que possa ser verdadeiramente útil para si, para os que o rodeiam mais de perto e, se possível, para outros. Construtiva e serenamente, procura canalizar em favor do Todo a energia a que no momento soube aceder.

Admite que todos os caminhos são possíveis e merecedores de respeito. Faz o seu, na busca do melhor para si e para o Todo, sem exigências nem certezas, mas com a convicção de quem sente o Todo em si mesmo, como sua partícula autêntica, em permanente atitude que poderemos identificar como Amor.

E o Amor não se pede nem se compra. Desenvolve-se, por e com prazer, quando cada um faz o que lhe cabe fazer. Não por ser obrigado ou por ter de ser, mas pelo prazer de fazer, pelo prazer de ser. De ser igual a si próprio, enquanto partícula do Todo.

A actuação de seres como Albert Einstein, Gandhi, Martin Luther King, Teresa de Calcutá ou Nelson Mandela faz-nos ponderar que a verdadeira força não é a física ou a das armas, não é a da classe social ou a da política, não é a económica ou a do conhecimento meramente científico. Leva-nos a pensar que a verdadeira força pode abarcar tudo isso, mas está para lá de tudo isso.

Faz-nos ponderar que a verdadeira força vibra em cada um de nós, como partículas do Todo Universal. Faz-nos sentir como parte integrante desse Todo, embora por vezes, ou muitas vezes, esquecidos dessa realidade. Faz-nos sentir que esse Todo Universal está espelhado em cada um de nós, ou seja, que cada um tem em si todo o potencial. A explorar de si para consigo, de si para com o outro, de si para com o Todo. Sem necessidade de impor seja o que for, seja a quem for. Em harmonia, serenamente, com Amor.

Luís Portela, in "SER ESPIRITUAL, da evidência à ciência", GRADIVA, p.21

domingo, 14 de julho de 2013

sexta-feira, 12 de julho de 2013

INCLUSÃO: UM CAMINHO PARA MILAGRES




Nestes últimos tempos tenho pensado/sentido algo que se aclarou a partir de um vídeo postado no facebook onde um professor de capoeira toma nos braços um menino com paralisia cerebral e "luta" com ele. Isso estava sob a égide "inclusão". Mas esse vídeo me fez refletir sobre um outro aspecto. É fácil ver o gesto do professor como algo de grande generosidade, e de tal modo ficamos fascinados que deixamos de perceber a importância do "gesto" do menino, ou seja, dele ser um veículo para o exercício do professor e nosso, espectadores, de passar por sentimentos, emoções e vivências que necessitamos para nosso enriquecimento interior e plenitude. Explico-me. Percebo que vivemos a ilusão de que existem seres “fracos” e “frágeis” por um lado e “fortes” e “enérgicos” por outro. São pessoas que classificamos segundo algum padrão instituído que hipnoticamente aceitamos como verdade irrefutável.
Começo a cansar-me das fronteiras das "classes" ou grupos: sejam eles de "homens", "mulheres", "crianças", "idosos", "com deficiência", "negros", "gays", "lésbicas", "heteros", "trans", "animais" e até “paisagens”. Ao agrupar estas expressões de vida, enunciá-las em grupos e buscar caracterizá-las nos arriscamos a reduzi-las, e de certa forma segregá-las. É ficar separando-as do Todo e da incrível surpresa e mistério das interações que se produzem entre todas estas formas.
Admito apenas criar adjetivos e contornos dinâmicos, evitando engessar as fronteiras dos seres.

Tenho passado a ver tudo e todos, seres e coisas em seus percursos como sistemas por onde perpassa a Vida isento de adjetivos e classificações. Na medida em que aceito isso dou espaço para a ocorrência de eventos que chamo de milagres, e que podemos definir como: os inesperados e surpreendentes resultados da interação entre as diferentes manifestações de VIDA.