quinta-feira, 21 de junho de 2012

Crianças no play









Já vinha há certo tempo desconfiado, e agora diante dos movimentos da política apresentado nos recentes noticiários, me parece que finalmente entendi. 
Governar é coisa de garotos mimados no play: "se você me emprestar a bola eu deixo você andar na minha bicicleta"; "se você não deixar eu brincar com seu carrinho eu não deixo você entrar no meu time", e tem também: "se você não deixar eu usar seus patins eu falo com meu irmão e ele te bate". Tudo isso com voz grossa, terno e gravata. Aí rolam as "alianças" que têm o tempo, o interesse e a memória volátil das crianças.

 E o povo, bem, o povo fica olhando do lado de fora, na ilusão, achando que tem gente grande lá no play.



segunda-feira, 18 de junho de 2012

Rio + Quanto? ou Uma história muito antiga


Rio + quanto?


Quando em conversas com amigos e outros interessados sobre sustentabilidade, economia verde e temas similares, ou seja, em posturas que permitam uma verdadeira mudança nos cuidados com o planeta, inevitavelmente chegamos sempre a um mesmo ponto. Espremido o suco, terminamos por concordar que em essência sabemos do que é necessário ser feito e que estamos fartos de enunciados e discursos em mil variações sobre o tema, mas com pouco movimento efetivo sendo realizado.

O que é então necessário para que sejam tomadas as óbvias providências e feitos os necessários movimentos?

Estas conversas nos levam num primeiro momento a diagnosticar de que era necessário falar não às cabeças das pessoas, mas ao seu emocional. Que discursos descritivos e explicativos já não movem ninguém. Todos mecanicamente aplaudem, mas dez minutos depois já estão envoltos em seus afazeres cotidianos e as belas idéias são postas nas prateleiras junto a tantas outras coisas interessantes que fazem parte de nossos armários de boas intenções.

No desenrolar de nossas trocas de idéias constatamos tristemente que mesmo com discursos emocionados e emocionantes, que muitas vezes arrancam lágrimas dos ouvintes, ocorre um processo de esvaziamento semelhante. Em pouco tempo outras preocupações e emoções se abatem sobre os que acabaram de jurar que iriam mudar e se engajar de corpo e alma, e novamente tudo volta ao estado de inércia.

Usando como metáfora a epopéia da saída dos judeus do Egito, pergunto: Quantas pragas foram necessárias para que o Faraó se sentisse verdadeiramente afetado e permitisse a saída dos judeus em direção à terra prometida?

As primeiras pragas que lá se abateram receberam rebuscadas explicações dos ministros do faraó que atenuaram suas preocupações. Pragas após pragas assolaram aquelas terras e somente após a décima, a morte dos primogênitos em que o próprio filho do faraó sucumbiu, é que este se dobrou e permitiu a movimentação de saída. Apenas depois de sentir-se pessoalmente e duramente afetado é que pode ser dada a permissão para o movimento de deslocamento de uma terra para outra, de uma realidade para outra.

Obviamente o faraó e Moisés são instancias que nos habitam, e que neste momento se confrontam de alguma forma dentro de nós. O que moverá nossa porção faraó?

Há um mar de coisas a serem atravessadas ademais com a certeza de vários desertos a serem cruzados. Estamos faraonicamente presos a formas culturais que envolvem, sobretudo, nossa política e economia que se revelam em vertiginosa obsolescência. São estruturas que se defrontam com necessidades de mudanças urgentes.

Vemos em torno de nós todos os sinais, na forma de eventos ecológicos, transtornos econômicos, políticos e sociais. Estas pragas se apresentam diante de nossos olhos, buscamos explicações consoladoras e com isso relutamos em reconhecê-las como gritos de alerta. Quais serão as pragas que se seguirão? Quantas serão ainda necessárias? Qual delas será tão insuportável que deflagre um movimento consistente que permita que abandonemos finalmente nossa inércia? Qual delas será trágica o suficiente para que nos movamos para fora desta situação a que relutamos abandonar e possamos chegar à Terra prometida que desejamos? Um Rio + quanto será necessário? E não me refiro apenas a tempo...mas a dor que estamos dispostos a suportar.       

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Sustentabilidade


SUSTENTABILIDADE


     Sustentabilidade é exatamente o que? Economia verde? Preservação do meio ambiente?
    Interessante lembrar que ecologia é muito simplesmente cuidar da casa, essa enorme casa que flutua no espaço: o planeta Terra. E cuidar tem sido verbo pouco conjugado. Cuidar, convenhamos, é verbo feminino por excelência.

     Em meio a uma cultura fálica que tem apoio em parâmetros econômicos, com o objetivo ansioso de lucros, é quase impossível encontrar maneiras de abordar o tema sustentabilidade de maneira realmente comprometida. Não me refiro à postura de meninos aplicados cuidando de ser seletivos com relação ao lixo, ou não usar produtos e serviços que possam produzir gases de efeito estufa.

    O buraco é mais embaixo. Se quisermos falar de verdadeiros cuidados, comecemos por educação. Por educação não me refiro ao pensamento linear das convenções acadêmicas, trata-se sim do desfazimento de estruturas arcaicas que tem gerado comportamentos e atitudes cotidianas destrutivas. É preciso atenção quanto aos efeitos gerados pela inoculação permanente e exacerbada de idéias envolvendo competição, busca a qualquer preço por um lugar ao sol que determinam atitudes reativas de medo e seus derivados: individualismo, solidão e violência, ações diárias grandemente insustentáveis.

    Muitos aspectos dessa necessária acomodação planetária são os eventos inesperados que se sucedem em ritmo vertiginoso. Damo-nos conta, mas não fazemos as contas do quanto temos de digerir, mudar rumos e repensar questões que pensávamos incontestáveis. Os parâmetros externos ditados pelos gurus-autoridades, que até ontem serviam de guias, caem por terra. É necessária uma reeducação que propicie contato interno, reflexão pessoal, e acima de tudo, aptidão para escolhas. Escolhas que deverão ser exercidas e revistas a cada instante. O que pode ter sido bom ou mau em determinado momento pode ter vigência efêmera.

   Desenvolver a capacidade de estar atento ao mundo e a si mesmo, de forma contínua, é a educação necessária e o cuidado para viver o tempo que já está em vigor e de fato caminhar em direção à sustentabilidade